Banhista ignora poluição em praias de SP
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domingo, 09 de janeiro de 2000
Por Fabiana Gitsio
São Paulo, 09 (AE) - O carioca Sérgio Luís Fernandes Ferreira, de 35 anos, morador há 15 de Pirassununga, no interior de São Paulo, resolveu conhecer o litoral com a mulher Márcia e a filha Sarah. Foram para a Praia do Indaiá, em Caraguatatuba, litoral norte. Chegando, Ferreira não gostou do que viu: foi só olhar para o mar e ver que algo estava errado - a água estava esquisita, cinzenta, feia.
Cismado, procurou perguntar para alguns banhistas se aquilo era o habitual. Ninguém desconfiava. Menos ainda os que estavam na água - e eram muitos. Ferreira conteve os ânimos de Márcia e de Sarah e procurou, então, por alguma indicação de que a situação estava normal. Até onde a vista alcançava, não havia nenhuma pista de que a Indaiá estivesse imprópria para banho. "Não vi nenhum aviso", contou.
O jeito foi procurar por um posto da Polícia Militar na praia. Não havia. Celular na mão, ligou para o Salvamento Marítimo e foi informado de que o órgão não tem esse tipo de informação e que ele deveria ligar para a Companhia Estadual de Tecnologia em Sanemaento Ambiental (Cetesb). Ao pedir informação para o 102, a coisa ficou pior: o telefone era da Cetesb sim, mas da colônia de férias da companhia.
Estava quase desanimando, mas persistiu. Conseguiu o número certo e só aí teve a confirmação. Sim, a praia estava imprópria para banho, apesar de a companhia não ter posto nenhuma indicação em toda a extensão da Indaiá. "Dá dó ver as pessoas mergulhando sem saber de nada, principalmente crianças"
disse Márcia. À essa altura, a família estava revirando um mapa
sem destino, procurando águas mais confiáveis - talvez Ubatuba (SP). No último boletim da Cetesb, 36 praias do Estado estavam impróprias.
A falta de indicações nas praias poluídas tem feito com que muita gente mergulhe em águas duvidosas neste verão. Em São Sebastião (SP), a situação não era diferente. Na sexta-feira (07), a de Porto Grande constava no boletim da Cetesb, divulgado na véspera, como imprópria, mas o consultor Wilson Iezzi, de São Paulo, não sabia de nada e brincava no mar com a mulher Fátima e a filha Paula. Perto deles, outras crianças.
"Se tivesse alguma bandeira, não entraria", garantiu Iezzi, que só soube do problema pela reportagem. Ele guiou-se pela bandeira verde que avistou na vizinha Praia do Arrastão e concluiu que a situação de Porto Grande também era boa. Mas o mastro, localizado em frente do quiosque Samuca Grill, estava vazio.
Nem mesmo os moradores da cidade tinham noção do problema. Matilde Medalha dos Santos levou as netas Fernanda e Terena para Porto Grande. As garotas estavam na água há muito tempo quando ela soube da situação.
A Assessoria de Imprensa da Cetesb informou hoje que o turista deve se basear nos botleins divulgados pela companhia nos meios de comunicação ou ligar para o telefone 0800-113560 com o objetivo de saber a condição das praias. Conforme a assessoria, tem sido comum o roubo de bandeiras nas praias. Elas serão postas novamente em Indaiá e Porto Grande.