No dia 24 de outubro, uma pessoa fingiu que era um possível comprador de um imóvel em Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) e quando o corretor foi mostrar a casa acabou se tornando vítima de assalto. “O falso cliente ligou para a empresa e meu corretor atendeu. Ficaram três dias se falando para pegar confiança. O corretor deu as opções que ele queria e ele foi puxando para o lado dele. Ele deve ter olhado a área de uma dessas casas e constatou que não tinha câmeras de segurança. Na hora de mostrar tinha outra pessoa.” Na hora que o corretor e o falso cliente entraram, o outro sujeito entrou armado, rendeu o corretor e pegou cartões bancários e as senhas. “Em cinco minutos ele fez transferências por pix e cartões de crédito.”

A orientação é que o cliente passe primeiramente pela imobiliária, preencha a ficha de vistoria.
A orientação é que o cliente passe primeiramente pela imobiliária, preencha a ficha de vistoria. | Foto: iStock

Abalado, o corretor não quis conceder entrevista. O advogado dele, Luiz Alberto Benatti Junior, afirmou que fez todo o processo administrativo. “Registramos o boletim de ocorrência, fizemos a comunicação imediata do 0800 do banco em que foi sacado o dinheiro da conta, comunicamos via site, e fiz uma carta no nome do corretor ao banco informando que tínhamos conhecimento que há decisões judiciais que responsabilizam o banco, mesmo fazendo transferências mediante senha, já que o meu cliente tinha sido coagido.”

De acordo com o advogado, o banco permaneceu dizendo que não consegue fazer a devolução porque o dinheiro já se dissipou da conta que foi repositória das transferências. “Não resta outra alternativa que responsabilizar o banco, porque as movimentações foram atípicas daquele cliente. Ele não tem o hábito de fazer compras de valores vultosos e instantâneas. Ele tem o hábito de pagar contas de água, luz, telefone, compras de mercado de valores pequenos. Quando recebi os honorários dele, fui informado que precisaria esperar duas horas para o banco fazer a confirmação. Esse cuidado o banco não teve nesse episódio.”

Um outro corretor de Ibiporã, Mauro Kondo, relatou que também foi procurado por uma dessas pessoas. “Minha esposa atendeu o telefone de uma pessoa que queria ver o imóvel com urgência, e foi pedindo várias informações sobre o imóvel, sobre os proprietários. Ele disse que era de fora da cidade. Como eu não estava e minha esposa achou estranho, não retornamos a ligação. Você sente que tem alguma coisa errada.” Kondo relatou que soube de um caso semelhante antes da pandemia. “Na época não tinha pix, mesmo assim o bandido levou tudo o que o corretor tinha.”

O presidente do Sincil (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina e Região), Marco Antonio Bacarin, afirmou que tem instruído os corretores de imóveis a não marcar visitas diretamente pelo celular nem ir nas obras e imóveis para venda ou locação. A orientação é que o cliente passe primeiramente pela imobiliária, preencha a ficha de vistoria e os dados sejam checados para conferir se o cliente é idôneo.

“Nós tivemos muitos mais casos do que esses que estão sendo noticiados. Somente este ano foram registradas 13 denúncias no sindicato de assaltos, furtos e invasão de propriedade. Há pessoas que fazem cópias das chaves e depois são encontradas dormindo na casa”, destacou.

O delegado de Ibiporã, Vitor Dutra de Oliveira, relatou que os bandidos causaram um prejuízo de R$ 20 mil ao corretor. “As contas em que foram feitos os depósitos estão em nomes de laranjas, que nem sabem que tinham uma conta. Elas são abertas pelos bandidos com documentos falsos e eles fazem o saque. Essas pessoas dessas contas são vítimas também. A gente tem que investigar quem fez o saque para identificar quem está envolvido no crime. Nesta semana estão sendo colhidas imagens pelo setor de investigação.”

Para o imobiliarista Marcos Moura, ex-presidente do Sincil, isso acaba preocupando todos os profissionais da área. “Eu estou no mercado há quase 50 anos e nunca tinha ouvido falar.Temos orientado todos a redobrar o cuidado.”

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