Porto Alegre - Um dos balneários mais badalados do litoral brasileiro, Balneário Camboriú (SC) registrou em 2023 crescimento das praias classificadas como péssimas, aponta levantamento da Folha de S. Paulo. Dos 15 pontos onde há monitoramento de balneabilidade, 11 tiveram classificação anual péssima, quando as praias estiveram impróprias em mais da metade das medições semanais realizadas durante o ano. Isso representou um aumento de 450% em comparação a 2022. Outras quatro praias da cidade foram consideradas boas.

Com cerca de 140 mil habitantes, Balneário Camboriú é um dos principais destinos turísticos de Santa Catarina, especialmente de Londrina e boa parte da região Norte do Paraná, e possui alguns dos edifícios mais altos do país. Apelidada de "Dubai brasileira", é o lugar onde uma quitinete de apenas 33 metros quadrados chega a custar R$ 1,6 milhão.

A praia central de Balneário Camboriú, cuja orla tem 5,8 km, passou por uma megaobra em 2021 para alargar a faixa de areia, que com aterros cresceu de 25 m para 70 m. A obra custou R$ 66,8 milhões e avançou cercada de polêmicas e questionamentos de ambientalistas.

O crescimento do número de praias consideradas péssimas na cidade em 2022 chamou a atenção de especialistas e da prefeitura, sobretudo porque o município tem 98% de sua rede de esgoto tratada.

PREFEITURA ALEGA CHUVAS

A prefeitura argumenta que o ano de 2023 foi atípico, sobretudo pelo volume de chuvas que impactaram na balneabilidade das praias. Mas assegura que o verão de 2024 terá praias melhores do que os veranistas encontraram na temporada passada.

"Em 2023, dos 365 dias do ano, menos de 50 dias foram de sol. É sabido que a praia pode estar limpíssima, mas se os dados foram coletados menos de três dias depois de uma chuva forte, eles não são fiéis à balneabilidade de fato daquele local", diz Douglas Bebber, diretor da Emasa (Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú).

Em razão disso, a Emasa, em acordo firmado com o Ministério Público, passou a fazer levantamentos próprios, em que não faz coletas após períodos prolongados de chuva. Porém, as medições em períodos de chuva não parecem ter impactado na mesma medida outras cidades.

As condições das praias de Santa Catarina tiveram uma piora discreta de 2022 para 2023. O número de praias consideradas boas - ou seja, que se mantiveram próprias em todas as medições - caiu de 66 para 62. Já o número de praias consideradas péssimas subiu de 54 para 60, um crescimento de 11%.