Imagem ilustrativa da imagem Avó é presa no caso Eduarda
| Foto: Viviani Costa

Rolândia - A avó paterna de Eduarda Shigematsu, Terezinha de Jesus, foi presa no final da tarde desta terça-feira (30) após prestar depoimento na delegacia de Rolândia. Ela é suspeita de participação no crime.

A mãe de Eduarda, Jéssica Pires, prestou depoimento na Delegacia de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) na manhã desta terça-feira. De acordo com o delegado Bruno Rocha, Jéssica forneceu “detalhes importantes para as investigações”. As informações não foram reveladas para não comprometer a apuração dos fatos.

Em depoimento, a avó paterna negou participação no crime e disse que ficou surpresa com a suspeita de que o filho, Ricardo Seidi, tenha matado Eduarda. Ela contou que só soube dessa suspeita após a prisão dele no domingo (28), quando o corpo de Eduarda foi encontrado. Na ocasião, Seidi confessou ter enterrado o corpo da filha.

A prisão da avó foi pedida pela polícia junto com a de Seidi no domingo, baseada no interrogatório dele. “O ponto principal foi que ele informou que ela já sabia. No mesmo dia do desaparecimento, ele informou a ela o que tinha acontecido. Ainda assim, no dia seguinte, a avó registrou o desaparecimento da Eduarda”, destacou o delegado Bruno Rocha em entrevista coletiva.

Terezinha de Jesus foi presa por homicídio por eventual participação no crime. Ela estava na casa de um parente em Rolândia no momento em que os policiais chegaram. A prisão temporária é por 30 dias, prorrogável por mais 30. A avó foi levada para o 3º Distrito Policial em Londrina.

Durante a manhã, o ponto principal dos questionamentos feitos a mãe, conforme o delegado, foi em relação a possíveis sinais de agressividade na relação entre pai e filha. Jéssica Pires, no entanto, negou a existência de qualquer indício de agressão entre os dois.

A mãe de Eduarda deixou a delegacia sem falar com a imprensa. Ela saiu dentro de um carro da Polícia Civil apenas para despistar as equipes de reportagem. Jéssica mora em São Paulo e permaneceu em Rolândia desde que soube do desaparecimento da filha. Ela retornou a São Paulo no início da tarde.

Cinco pessoas foram ouvidas durante o desaparecimento de Eduarda. Além da mãe da menina, vizinhos e amigos devem ser ouvidos ao longo da semana.

Eduarda Shigematsu, 11, foi encontrada morta neste domingo (28). A menina estava desaparecida desde a última quarta-feira (24). O pai Ricardo Seidi é investigado pela morte da filha. Ele confessou ter enterrado o corpo dela no quintal de um imóvel abandonado de propriedade da família. No entanto, Seidi nega ser autor do homicídio.

Segundo a Polícia Civil, o pai apresentou a versão de que a filha teria cometido suicídio e, desesperado com a situação, teria enterrado o corpo no quintal de outro imóvel da família. Porém, laudo do IML (Instituto Médico-Legal) apontou como causa da morte de Eduarda asfixia mecânica por esganadura, o que reforça os indícios de homicídio.

Eduarda morava com a avó paterna em uma casa nos fundos da residência do pai, Ricardo Seidi. A avó possuía a guarda da menina desde os 4 anos de idade. Vizinhos ao imóvel comentaram que avó e neta, aparentemente, tinham uma boa relação. “O pai raramente era visto com a menina. Ela estava sempre com a avó”, afirmou um morador.

Desde domingo (28), Seidi está preso, por ocultação de cadáver. A Justiça já expediu novo mandado de prisão por homicídio qualificado. A prisão temporária é por 30 dias.

Nesta terça-feira (30), Seidi foi ouvido em audiência de custódia por videoconferência. Sigiloso, o processo corre na Vara Criminal de Rolândia. A reportagem entrou em contato com a defesa do pai de Eduarda, a advogada Viviane Pereira da Silva Abreu, que disse que não comentará o caso, por estar sem segredo de Justiça.

Durante as investigações, veículos encontrados em uma das propriedades da família apresentaram indícios de roubo e furto. Dessa forma, a polícia apura também o crime de receptação.

Além dos fatos desencadeados pela morte de Eduarda, outro crime relacionado à família segue em investigação. O avô da menina foi brutalmente espancado e morreu em novembro do ano passado. Na época, um caseiro da chácara da família, apontado como suspeito, foi preso e liberado semanas depois. O inquérito permanece em aberto. “Tem muitas diligências para serem feitas. São dois inquéritos de homicídio e não dá ainda para chegar a alguma conclusão”, reforçou o delegado.

O conselheiro tutelar Rogério Santana destacou que foi procurado pela avó no dia seguinte ao desaparecimento de Eduarda. “A avó queria o apoio do Conselho para ter acesso aos contatos dos outros alunos da escola em que ela estudava. A avó dizia estar desesperada, mas não aparentava”, contou. Pouco depois, Santana conversou com o pai de Eduarda. “Ele estava muito frio e queria aguardar para ver se ela voltaria nas próximas horas. Orientamos a registrar o Boletim de Ocorrência na delegacia e isso só foi feito duas horas depois do atendimento”, revelou. A distância entre os dois órgãos é de 800 metros. (Colaboraram Isabela Fleischmann e Fernanda Circhia)

(Atualizada às 21h04)