SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Tecladista e fundador da Banda Luzes, Edson Biancardi aprendeu o instrumento sozinho. Na infância, dividia-se entre a casa dos pais, em Guarulhos, e a do tio, onde brincava com o primo Wagner Pons, próximo ao Parque São Jorge (SP).

Filho único, ia à casa do primo para jogar bola de gude, futebol e empinar pipa. No início da adolescência, começaram a se interessar por música. "Ele tocava órgão e eu guitarra. Fizemos até casamento", lembra Wagner.

Por anos, Edson trabalhou na loja de seu pai, que vendia máquinas de escrever e de calcular. Com a popularização do computador, o local foi fechado e ele passou a se dedicar totalmente à música.

"Meu pai colocava uma música pra ouvir, escutava umas duas vezes e na terceira saia tocando", lembra Andressa, 36.

Atualmente, Edson e Wagner se apresentavam em bailes para a terceira idade, mas separados.

Edson sentiu-se mal pela primeira vez no dia 16 de março, uma segunda-feira. Foi ao hospital com febre, foi medicado e voltou pra casa. Dois dias depois, nova passagem, em que foi constatada uma infecção. Novamente, foi mandado para casa com a orientação de tomar uma série de remédios.

Na sexta-feira (20), com falta de ar, foi internado e levado para a UTI. "Aí cada dia era uma novidade, rim parou de funcionar, depois infecção generalizada, só foi piorando", conta Andressa.Transferido da zona leste para a unidade do Paraíso do hospital, os médicos pediram autorização para tratá-lo com azitromicina e cloroquina, e receberam.

Edson teve uma parada cardíaca, pouco após receber a visita da filha no sábado. Era tabagista, e tinha uma ponte de safena feita após sofrer um infarto, cerca de cinco anos atrás.

"Ele era extrovertido, sempre queria fazer churrasco, pão enrolado, gostava de bastante gente em casa", diz a filha.

Ela perdeu a mãe aos seis anos. O pai, sempre presente e atencioso, era ajudado pela avó e pelo avô.

O tecladista atualmente era casado com Beth, que também integrava a Banda Luzes. Ambos moravam numa casa na Mooca que pertenceu a seus pais. Andressa residia no mesmo bairro e sempre estava no local para os encontros.

Gilberto Rethimar, fotógrafo e que costuma filmar os eventos, disse que diversas vezes registrou Edson nos palcos em clubes, sobretudo pela zona leste da capital paulista.

"A última vez foi no dia internacional da mulher, num baile no clube Domingueira do Jorge, na Vila Maria", conta Giba, como é conhecido.

Edson chegou a trabalhar como Uber para completar a renda, que vinha principalmente da música. Tocava boleros, sambas, xote e forró.

Recentemente, havia aberto uma rotisserie com a atual esposa, já que as longas noites de baile começavam a tornar-se pesadas para o tecladista. Sua ideia era, aos poucos, deixar a música.

"Cara extrovertido, contava piada, fazia amizade fácil. Não tem que não goste", finaliza o primo.