Com o aumento das temperaturas e a baixa umidade do ar, a ocorrência de incêndios ambientais tende a aumentar em número e intensidade. Em meio à presença de uma onda de calor, que levou Londrina a registrar máxima próxima de 40° C nos últimos dias, é necessária conscientização para evitar essas ocorrências que majoritariamente ocorrem a partir da ação humana.

Dados do 3° GB (Grupamento de Bombeiros) encaminhados à FOLHA indicam que, até este mês de setembro, foram registrados 178 incêndios ambientais na área de atuação do grupo, que abrange 40 municípios. Em todo o ano passado, foram 161. E, quando se observa os meses de inverno, cuja característica marcante é o tempo mais seco, a concentração de casos é maior: foram 79 incêndios em 2022 e 96 em 2023.

O capitão Rene Augusto Bortolassi de Oliveira explica que este período do ano já é característico pelo aumento no índice de incêndios ambientais. “A folha seca, a própria situação natural da vegetação proporciona e traz esse aumento nessas ocorrências”, citando que há áreas mais críticas, como terrenos baldios e espaços de mata com vegetação seca. “Tem uma chance de incêndio maior.”

Aumento de temperatura favorece ocorrências

Oliveira cita que existe um trabalho da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente) para verificar as condições do tamanho da grama, por exemplo, para evitar grandes incêndios ambientais na cidade. No campo, os agricultores têm um cuidado maior nesse período.

“Em 2023 temos um aumento da temperatura que, com certeza, favorece de alguma forma ainda mais a ocorrência desse tipo de incêndio porque o tempo fica ainda mais quente e a vegetação mais seca”, aponta.

Ação humana

O professor Ronaldo Viana Soares, do FireLab (Laboratório de Incêndios Florestais) da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que é um dos maiores especialistas em incêndios florestais no Brasil, ressalta que a umidade relativa do ar muito baixa é fator importante para a ocorrência desses casos.

“Nos estudos que já fizemos, o mais importante nos incêndios nessa região é a umidade relativa do ar, porque podem ocorrer incêndios tanto com temperatura muito baixa, quanto com temperatura muito alta. Mas geralmente ocorre só com umidade baixa”, apontando que, se acontece um incêndio, a temperatura alta ajuda. “É preciso menos calor para elevar até o ponto de ignição do material vegetal.”

Soares é enfático ao dizer que não existe combustão espontânea na natureza. Por isso, a principal causa de incêndios ambientais é a ação humana. “É importante, em uma situação como essa, que tem um risco muito alto, não fazer nenhuma queimada”.

A experiência paranaense com incêndios florestais, após o grande desastre de 1963, levou à evolução das técnicas de detecção e controle dessas ocorrências. O professor explica que as empresas florestais costumam fazer campanhas de conscientização antes do inverno, que é a estação mais perigosa.

“Como já estamos entrando na primavera, essas campanhas já foram feitas há muito tempo. Geralmente, não se faz campanha na primavera porque começa a estação chuvosa e o risco diminui. Mas agora estamos vivendo uma época atípica, de uma situação de alta temperatura ainda no finalzinho do inverno. É necessário que se reforcem as campanhas preventivas”, conclui.

Recomendação

Em meio a essas condições climáticas, a recomendação do Corpo de Bombeiros é não jogar bitucas de cigarro, queimar lixo ou fazer queimadas. Trata-se de uma conscientização difícil, na avaliação do capitão do 3° GB, mas é um trabalho que precisa ser contínuo.

Caso seja verificado algum incêndio ambiental, é preciso acionar o Corpo de Bombeiros pelo número 193. A corporação adota procedimentos específicos nesse caso, verificando se há alguma edificação no entorno que pode ser atingida pelas chamas, por exemplo. A equipe faz uma triagem para enviar a viatura adequada para a ocorrência.