“Estamos chegando à exaustão. Trabalhando no limite. Otimizando pessoas, usando leitos não Covid. [...] Os profissionais da saúde estão no limite do esgotamento pessoal e profissional. Nós não tivemos um final de semana tranquilo. Foram muitos pacientes atendidos e a velocidade de chegada não é a mesma de saída”, desabafa a superintendente do HU (Hospital Universitário) de Londrina, Vivian Feijó.

Imagem ilustrativa da imagem Aumento de casos graves e superlotação de 144% deixam HU em alerta
| Foto: Sergio Ranalli - Grupo Folha

No sábado, equipes do Samu encaminharam 39 pacientes para o HU. No domingo foram 34. Cada internação apresenta duração média de 5 a 15 dias.

A superintendente reconhece a importância dos leitos adquiridos pelo município no Hospital do Coração, porém, segundo ela, há uma dificuldade administrativa na logística de transferência. Atualmente, há 40 leitos contratados no hospital particular.

“Há uma demora importante em relação à diferença de proporção de chegada dos pacientes. Ontem, domingo à noite, saíram seis pacientes, mas durante o dia chegaram 19 pelo Samu. A sensação que nós temos é de enxugar gelo porque há um crescimento exponencial no número de pacientes positivos que têm chegado ao HU, seja pelo Samu ou pela procura direta”, detalha.

Questionado sobre a "demora", o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, lembrou que as unidades móveis continuam atendendo todos os tipos de demandas nas ruas e que estas demandas possuem prioridade em relação aos pacientes que já estão assistidos nas instituições. Entretanto, também lembrou que o município cedeu uma ambulância ao HU para a auxiliar na remoção de pacientes. "Em cerca de dez minutos demos o aceite em seis pacientes prontamente, mas a transferência tem essa dinâmica", explicou.

Nesta segunda-feira, a direção do Hospital Universitário registrou 144% de ocupação nas enfermarias, considerando o Pronto-Socorro e os leitos destinados ao atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19. Quando o índice ultrapassa os 100%, leitos adaptados são utilizados pelas equipes para que ninguém fique sem atendimento. Já na UTI exclusiva criada para o tratamento de pessoas infectadas ou com suspeita da doença, a ocupação estava em 86%.

“Temos uma demanda reprimida de UTI de pacientes positivos que estão improvisados em atendimento tanto nas enfermarias do hospital de retaguarda quanto nos leitos não Covid para que a gente possa aumentar o giro de leitos internamente”, afirma.

Ainda de acordo com a superintendente, casos graves em pacientes jovens que necessitam de oxigênio têm se tornado mais frequentes. Feijó relata que há a possibilidade de circulação da nova cepa do novo coronavírus. As equipes aguardam resultados dos exames das amostras encaminhadas para Curitiba. Por enquanto, não há casos confirmados.

Considerando o cenário da pandemia e o volume de atendimentos, a superintendente defende medidas mais rígidas para conter aglomerações vistas diariamente na cidade.

“O volume de pacientes graves é muito grande. Isso nos traz um momento de alerta no sentido de que poderá sim, em algum momento, ter uma assistência prejudicada na porta de entrada. [...] Não sou favorável a ‘lockdown’, porém são necessárias medidas restritivas onde a fiscalização possa ter um pouco mais de controle nas grandes aglomerações. Em alguns momentos, a equipe do hospital tem um entendimento de que a população se cansou da pandemia e tem vivido a sua vida normal, mas muito nos preocupa a possibilidade de desassistência”, relata.

A taxa de casos positivos em pacientes que realizam o teste de Covid-19 no hospital está em torno de 45%, um dos números mais altos desde o início da pandemia. Conforme Feijó, neste momento não há a possibilidade de ampliação de leitos no hospital.

(Colaborou Vitor Struck)