Usuários do transporte público de Londrina foram pegos de surpresa com o anúncio do aumento de R$ 0,95 no valor da passagem, de R$ 4,80 para R$ 5,75. Na manhã deste domingo (31), véspera de Ano Novo, mesmo com a maior parte dos bancos do Terminal Central vazios, quem precisou usar o transporte público estava revoltado com o reajuste da passagem. A principal reclamação sobre o valor, considerado como “abusivo”, é que ele não é justo diante da qualidade do serviço prestado, principalmente pela lotação em horários de pico e pelas longas esperas nos pontos de ônibus.

A nova tarifa do transporte público foi divulgada neste sábado (30) pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e já passa a valer a partir desta segunda-feira (1), primeiro dia do ano de 2024. O aumento de R$ 0,95 na passagem, que sai de R$ 4,80 e vai para R$ 5,75, representa 19,7% a mais no valor a ser desembolsado pelos passageiros. De acordo com a CMTU, o aumento foi aprovado pela Câmara dos Vereadores e “garante a possibilidade do custeio das gratuidades do sistema”, como para idosos, pessoas com deficiência e com câncer, dentre outros.

A zeladora Selma Cristina Fernandes, 47, usa o transporte coletivo todos os dias para trabalhar e conta que foi pega de surpresa ao entrar no ônibus neste domingo e ver a placa indicando o novo valor da passagem a partir desta segunda-feira. “Sobe a passagem e o ônibus, lotado, demora [para passar]. Olha o tempo que a gente fica esperando e vai todo cheio, eu não acho certo [o aumento]”, afirma.

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Ela afirma que o valor de R$ 5,75 só seria justo se os ônibus tivessem lugar para que todos os usuários pudessem se sentar: “mas vai todo cheio com uma pessoa em cima da outra, assim como tem vezes que os bancos estão todos molhados”. Outro ponto negativo para ela é a demora, principalmente na linha 408, que vai para a Vila Recreio e ela utiliza com bastante frequência. “A gente está pagando, então merece um conforto um pouquinho melhor”, cobra.

Letícia Teles, 25, usa as linhas 406 e 200 todos os dias para chegar ao trabalho. A atendente ficou sabendo através do reajuste por meio da FOLHA, o que a deixou indignada. “É muito pouco ônibus, demora muito, às vezes atrasa e você perde o outro ônibus”, comenta. Há mais de 30 minutos aguardando o 406, ela admite que já estava atrasada para chegar ao trabalho.

Nos dias de semana, ela afirma que é uma “loucura” pegar ônibus, principalmente pelo “empurra empurra” que é por conta da lotação. “Ninguém tem respeito e ninguém faz nada para melhorar”, afirma, complementando que quando morou em Santa Catarina os usuários faziam fila para entrar no ônibus, diferentemente do que é visto aqui em Londrina por conta do baixo número de linhas disponíveis. Para ela, a única justificativa plausível para o reajuste de R$ 0,95 da passagem seria uma ampliação no número de linhas, assim como o aumento da frota: “pelo menos mais dois ônibus em cada linha já seria suficiente”.

Além do reajuste abusivo, ela criticou o fato de que o novo valor já passa a valer a partir desta segunda-feira, o que iria a pegar de surpresa na hora de passar a catraca. Usando cartão-transporte há pouco tempo, ela afirma que se ainda usasse dinheiro para pagar a passagem poderia ter problemas, já que às vezes leva o dinheiro contado.

O motorista de caminhão Cláudio Ferreira, 44, discorda do aumento no valor da passagem, considerando o reajuste como “injusto”. Para o valor ser justo, ele afirma que os ônibus tinham que passar, pelo menos, a cada 25 minutos em todos os bairros, assim como na região central. “É uma vergonha [o aumento] e a gente não vê retorno. Os idosos ficam mais de uma hora [esperando] nos pontos na periferia e até aqui no centro”, pontua. O motorista também critica o fato de que não há projetos para uma reforma grande no Terminal Central, já que são feitos apenas “remendos”.

Cássia Nery, 55, usa o transporte público de Londrina apenas aos fins de semana para voltar para casa na Vila Casoni, mas admite que está preferindo utilizar os carros de aplicativo por conta da facilidade, da comodidade e do valor, que é mais tentador do que o da passagem de ônibus. “Para quem usa ônibus no dia a dia, [o reajuste] é abusivo”, afirma, acrescentando que para o valor ser justo o serviço tinha que melhorar bastante.

Apesar de a maioria dos usuários do transporte público de Londrina estar revoltado com o reajuste, há quem ache que o valor é justo. A diarista Maria Aparecida Marques, 53, usa de vez em quando o ônibus para se locomover pela cidade e acredita que o reajuste é justo pelo fato de que é possível pegar três ônibus (integração) e pagar apenas um valor que passará a ser de R$ 5,75. “Então eu acho que compensa e que está bom”, opina. Já para quando os pontos de partida e o de chegada são próximos, ela acredita que o valor da passagem deveria levar em conta a distância percorrida.

Sobre a lotação dos ônibus, ela garante que sempre quando pega as linhas 307 e 201 os ônibus estão bem vazios, então não enfrenta problemas com o fluxo intenso de pessoas dentro do veículo. A única crítica da diarista é que o anúncio do reajuste foi feito muito em cima da hora, sendo que deveria ter sido feito com pelo menos uma semana de antecedência para que os usuários pudessem se preparar para o novo valor.