Aumenta comércio de animais exóticos na França Do correspondente Gilles Lapouge
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 28 de março de 2000
Paris, 29 (AE) - Um colombiano ficou hoje (29) muito aborrecido porque, ao chegar a Paris, havia se esquecido de uma regra muito simples: aconselharam-no a não colocar uma cobra dentro de seu calção. Quando o viajante se apresentou à alfândega, no aeroporto Orly, um dos funcionários achou que ele estava com uma expressão meio estranha. Imediatamente, ordenou que tirasse a roupa e uma jibóia de 40 centímetros saiu de dentro de seu calção.
A coisa é menos absurda do que parece. Embora um calção recheado de jibóia seja uma coisa excepcional, é frequente o caso de viajantes que entram nos aeroportos de Paris trazendo animais de companhia menos suaves do que os gatos ou menos amigos do que os cães. Além das passagens clandestinas ou dos comércios ilegais, existe em Paris um verdadeiro comércio, perfeitamente oficial: o da venda de animais não tão amáveis.
A onda do momento são as aranhas. Aranhas tropicais especiais (não perigosas) se contentam em tomar sol quando instaladas em um jardim tropical. Elas se divertem em sua teia e saltam de repente para capturar e devorar um grilo. Os escorpiões, sobretudo alguns não muito perigosos, passeiam também pelos jardins. São animais impressionantes, de até 20 centímetros. Quando adultos, precisam comer camundongos.
As serpentes - nem é preciso dizer - tem seus apreciadores. As mais chiques são as jibóias ou os pítons, um pouco enjoados. Se vocês lhes oferecem camundongos, acham ruim. Seu prato preferido é o rato e isso obriga a organizar uma criação de ratos ao lado da gaiola da jibóia ou do píton. Uma serpente muito apreciada neste momento é o Thamnophis, que se alimenta de peixes e vive na água, de onde às vezes tira para fora sua curiosa cabeça, munida de dois olhos enormes.
Há muito tempo, diversas espécies de camaleão são um valor garantido.
O mais vendido atualmente é um camaleão do Iemen, pintado com uma grande variedade de cores violentas. Se a moda pegar, há um lagarto que está fazendo furor. Chama-se Pogona Viticeps. Seu sucesso se explica por sua feiura excepcional, aliada a uma grande gentileza.
Apesar de sua figura abominável, ele é carinhoso e afetuosos. Come na mão.
Não nos esqueçamos da iguana verde, que não é carnívora, mas herbívora.
Mas antes de substituir seus gatinhos por estes animais, é aconselhável pensar bem: se as serpentes podem se arranjar muito bem sozinhas durante suas férias, os outros animais têm necessidade de sua presença amiga, ou pelo menos de seus cuidados diários. Outra precaução: é preciso imaginar que estes animais crescem. Não se conta mais com os crocodilos bebês trazidos da áfrica ou da América por turistas e que, depois de alguns meses atingem um tamanho considerável.
É por isso que, como na maior parte das megalópoles, encontramos grandes crocodilos, ou jacarés, repudiados por seus donos e refugiados nos esgotos.
Mais pernicioso ainda é o delicioso macaquinho, que, ao crescer, torna-se um animal insuportável, exigente, mordedor e perigoso. Dificilmente passa uma semana sem que algum turista vindo da áfrica não esteja suplicando a um museu de história natural ou a um zoológico para aceitar como presente um macaco que se tornou infernal.
É claro que se a jiboiazinha do colombiano, interpelado em Orly, se tivesse passado pela alfândega, teria se ganhado mais volume e não teria podido ficar por muito tempo dentro de um calção...