A pandemia de Covid-19 já resultou na morte de mais de 5.700 pessoas no Paraná. Após o período de queda constante no número de casos semanais, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) alerta para o aumento na taxa de transmissão da doença.

Dez leitos de UTI Adulto Covid-19 foram desativados no Hospital Universitário
Dez leitos de UTI Adulto Covid-19 foram desativados no Hospital Universitário | Foto: Sergio Ranalli/20-5-2020

Na segunda semana de agosto e na primeira semana de setembro, o Paraná registrou recordes semanais no número de casos positivos ultrapassando a marca dos 14 mil. O balanço semanal permaneceu em queda até a metade do mês de outubro quando chegou a 3.291 casos no Estado. A partir daí, a quantidade de confirmações se mantém em elevação. Na última semana, houve crescimento de 39% em relação ao período anterior quando os números saltaram de 7.019 para 9.779 casos da doença diagnosticados no intervalo de sete dias.

Conforme o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, o cenário não representa a chamada ‘segunda onda’ da doença. Porém, reflete a movimentação nos feriados de outubro e novembro e no período pré-eleitoral, além do descuido na manutenção das medidas preventivas como o uso de máscaras de proteção e a higienização das mãos.

“Estamos com transmissão comunitária do vírus no Paraná. Nós havíamos baixado o índice de transmissão para 0,98, o que é uma bela notícia. Algumas regiões estavam com 0,6, que é o ideal. Mas hoje nós temos mais de cem cidades com taxa acima de 1 e outras 80 cidades com índice acima de 2, ou seja, tecnicamente, a velocidade do contágio aumentou bastante nas últimas quatro semanas”, alertou.

A segunda onda de infecção pelo novo coronavírus é estimada para o mês de abril do ano que vem, com a chegada das temperaturas mais amenas. Apesar da preocupação, o secretário descarta a adoção de medidas mais rígidas. “Não é hora de nenhum tipo de lockdown, não é isso, mas sim de reforçar todos os pedidos de orientações sobre isolamento, distanciamento social e etiqueta respiratória”, ponderou.

A abertura da fronteira na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, refletiu o aumento no número de casos na cidade. Beto Preto afirmou que a Macrorregião Oeste apresenta ocupação moderada de 66% nos leitos de UTI Covid-19. Porém, a situação é mais crítica em Foz do Iguaçu. “Foz está no limite”, resumiu. Segundo ele, haverá apoio do Ministério da Saúde na região.

Já a Macrorregião Leste (que abrange Curitiba e Região Metropolitana, o Litoral e os Campos Gerais) apresentava 82% de ocupação dos leitos de UTI e 58% dos leitos de enfermaria na manhã desta terça-feira (17).

Desde o início de setembro, a Sesa tem desativado leitos em todo o Estado criados exclusivamente para o atendimento de pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19. A medida estava prevista no plano estadual de enfrentamento da pandemia e foi deliberada pela Comissão de Intergestores Bipartite do Estado.

Cerca de 230 leitos de UTI Covid-19 dos 1.100 implantados em todo o Paraná deixaram de funcionar. Aproximadamente, 450 leitos de enfermaria exclusivos dos 1.700 implantados desde o início da pandemia também foram desativados.

O cenário da Covid-19 é analisado diariamente por técnicos da Sesa. Diante do aumento no número de casos, o processo de desativação de leitos foi interrompido nesta segunda-feira. A Prefeitura de Curitiba solicitou a reativação de dez leitos.

No Litoral, a Sesa prepara a ampliação da estrutura de saúde para atender o aumento da demanda no local neste final de ano. Entre as estratégias em discussão estão a criação de pontos móveis de coleta de exames PCR-RT.

“Quando a gente divulga mais de 5.600 óbitos [antes do último boletim] no Paraná, estamos divulgando o número de cidadãos que tiveram uma doença que até dezembro do ano passado não existia. No Paraná temos muitos municípios com menos de 6 mil habitantes. É como se pegasse um desses municípios e riscasse essa cidade do mapa. É muito grave. Não são apenas números. São pessoas. São famílias inteiras em luto”, frisou.

LONDRINA

Dez leitos de UTI Adulto Covid-19 foram desativados no Hospital Universitário e outros 40 leitos deixaram de funcionar no Hospital do Coração. Conforme o secretário, a Sesa mantém 56 leitos de UTI Adulto e o município permanece com dez leitos de UTI no Hospital do Coração. Beto Preto informou ainda que a taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid-19 no HU de Londrina estava em 60% na manhã de ontem. O número de casos semanais na Macrorregião Norte do Estado, que inclui Londrina, saltou de 498 em meados de outubro para 1.107 na última semana.