A Concha Acústica de Londrina ficou lotada na manhã deste sábado (18) para o ato público em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. As ações da campanha “Faça Bonito – proteja nossas crianças e adolescentes” vêm ocorrendo ao longo deste mês.

O presidente do CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente), Cláudio Melo, afirma que o 18 de maio é um dia para refletir, ao lado dos jovens, sobre essa problemática. Ele alerta que as notificações têm diminuído, então é fundamental manter o tema em evidência.

Apresentações na Concha Acústica marcaram o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Apresentações na Concha Acústica marcaram o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

“Nós sabemos que as crianças e adolescentes, muitas vezes, são muito vulneráveis, então quando a gente trabalha essa temática, percebemos que os adultos, adolescentes e as próprias crianças conseguem identificar, às vezes, abusos e violência, e trazer para os conselhos e órgãos responsáveis, para que as medidas sejam tomadas”, afirma.

As ações da campanha “Faça Bonito – proteja nossas crianças e adolescentes” vêm ocorrendo ao longo deste mês em Londrina
As ações da campanha “Faça Bonito – proteja nossas crianças e adolescentes” vêm ocorrendo ao longo deste mês em Londrina | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

A avaliação de Melo é que Londrina possui uma rede socioassistencial que funciona, mas que “a estrutura de garantia de direitos ainda precisa melhorar muito”. É nesse aspecto que o investimento do poder público é estratégico “para que essa rede cada vez mais cresça e chegue nas crianças e adolescentes, que muitas vezes nem são atendidos”.

CONSCIENTIZAÇÃO O ANO TODO

Entre as entidades que marcaram presença no ato público está a Guarda Mirim de Londrina, que atende mais de mil crianças e adolescentes na cidade. A coordenadora de convivência da instituição, Viviane Molina, ressalta que o combate ao abuso e à exploração sexual é feito durante todo o ano.

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O Serviço de Convivência atua na proteção e na superação de possíveis violações de direitos. O dia 18, portanto, acaba fortalecendo esse trabalho, acredita Molina.

“Ele perpassa toda a lógica de proteção dessa criança. Então, vai desde um acesso à alimentação, à saúde, à educação e acesso à proteção da sua própria integridade”, explica. “E as crianças, nossos adolescentes, todos estiveram pesquisando, fazendo enfeites, materiais pedagógicos em relação a esse tema.”

Os jovens atendidos pela Guarda Mirim - que, além do Serviço de Convivência, atua com a Banda Marcial e a Aprendizagem Profissional em Londrina - foram os primeiros a se apresentar na Concha Acústica. Os pequenos apresentaram uma peça teatral com a música “Carrossel”, que fala da infância perdida, e outra sobre a menina Araceli, vítima abuso sexual e morta no dia 18 de maio de 1973, no Espírito Santo.

Ações de conscientização marcam ato pelo  Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Ações de conscientização marcam ato pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes | Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

O presidente do grupo Trilhas do Afeto, que presta apoio à adoção e ao apadrinhamento afetivo na cidade, diz que a violação dos direitos da criança e do adolescente ainda é muito frequente no Brasil, e que atos de conscientização são necessários.

“Isso afeta muito as nossas crianças e jovens. É uma violência muito difícil de se curar depois. É uma violência que carrega para sempre na vida dessas crianças e nossos adolescentes, e nós temos que prever isso. É um dever nosso”, sublinha.

‘POTÊNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO’

A secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Micali, ressalta que o ato deste sábado evidencia a “potência da conscientização” e reflete o trabalho diário da rede socioassistencial de Londrina.

“Todas essas crianças e esses adolescentes estão sendo conscientizados, estão sendo defendidos, estão sendo protegidos da exploração. Lembrando que muitos que estão aqui vêm dessa realidade”, dizendo que muitos casos de violência ocorrem dentro de casa. “A maioria dos abusos são feitos dentro dos lares das crianças e adolescentes. Por isso, [temos que] conscientizar essa criança e esse adolescente para que ele fale desse abuso.”

Imagem ilustrativa da imagem Ato público evidencia combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes
| Foto: Douglas Kuspiosz - Reportagem Local

Macali reforça o papel do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) na estruturação da rede de atendimento.

“Hoje nós estamos delimitando aquilo que é uma agressão leve, uma agressão média e uma agressão de alto impacto. Para que aqueles que são abusados sexualmente, que é alto impacto, que a gente possa de fato acolher e possa acompanhar a família para que esse ciclo de rompa”, acrescenta.

A conselheira tutelar Elen Luz enfatiza que o ato público serve para dar visibilidade à sociedade sobre essa temática, uma vez que ainda envolve muitos tabus. E ressalta os canais para denúncia Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e Disque 125 (Conselho Tutelar).

“Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em tratar a temática e ela é muito importante. A criança tem que saber do seu corpo, o meu corpo é meu, pertence a mim, [saber] onde pode tocar, onde não pode tocar. E a gente só sabe, só consegue trabalhar dessa forma, através da informação”, completa.