Em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, a Escola Novo Caminhar, mantida pela organização sem fins lucrativos APS-Down (Associação de Pais e Amigos de Portadores de Síndrome de Down), promoveu uma iniciativa de conscientização no Calçadão de Londrina nesta sexta-feira (21). A instituição, localizada no Jardim do Sol, zona oeste da cidade, é voltada a pessoas com a síndrome, desde a primeira infância até a idade adulta.

A escola possui 31 anos de existência e cerca de 190 alunos, que são ensinados dentro da modalidade de educação especial. “A gente atende os bebês a partir dos três meses, eles passam pela estimulação essencial e vão andando pelos programas da educação infantil, fundamental e a última etapa é a educação de jovens adultos, que é a EJA”, explicou a diretora Idalina Marques.

O objetivo da ação nesta sexta foi conscientizar a comunidade londrinense de que “ser diferente é normal”. “Eles têm uma síndrome, têm uma diferença genética, mas isso não impossibilita ninguém de estar vivendo em sociedade. A gente quer que esse preconceito caia e dê asas para a inclusão”, contou a diretora.

Imagem ilustrativa da imagem Ato no Calçadão marca o Dia Internacional da Síndrome de Down
| Foto: Heloísa Gonçalves

ATIVIDADE FÍSICA

Cerca de 30 alunos participaram de uma demonstração de karatê no Calçadão, ministrada pelo instrutor Mario Molari. Ele ensina a arte marcial na escola há mais de 20 anos, fomentando a socialização e coordenação dos jovens. “Eles desenvolvem muito a parte motora, têm meninos que não sabiam fazer nenhum movimento de karatê e hoje têm um grande desenvolvimento. A partir disso eu recebo relatos de outros professores, que eles vão melhorando em outras áreas e começam a acreditar mais neles”, pontuou Molari.

Gabriela Marmone é uma das alunas de karatê do instrutor, e estuda na Novo Caminhar há 22 anos, desde quando era bebê. Ela “adora muito” as lições de Molari, e contou que a educação física é sua atividade preferida na instituição. “Gosto muito das pessoas e tenho bastante amigos, só não vou quando estou muito doente”, disse ainda.

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| Foto: Heloísa Gonçalves

A mãe de Gabriela, Cirene Marmone, dona de casa, enxerga como “essencial” o ensinamento personalizado que a filha recebe, além das orientações oferecidas pelos profissionais aos pais. “Assim que ela foi pra lá, me explicaram a massagem no rostinho, a parte da fono, fisioterapia, terapia ocupacional. Também como lidar com ela, o jeito de segurar, a alimentação, qual é o calçado e a roupa mais adequada”, elencou a mãe, afirmando que, antes da escola, “não tinha noção de nada”.

Jaqueline de Almeida, 23 anos, é aluna na escola desde os 15 anos. Ela disse gostar de todos os professores, e das atividades oferecidas pela instituição, sua favorita é a dança. Já Camila Gabriele, 24 anos, estudante na Novo Caminhar desde quando era bebê, prefere a educação física e o karatê.

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| Foto: Heloísa Gonçalves

QUEBRA DE TABUS

Como profissional que convive diariamente com os alunos, a diretora Idalina Marques afirmou que, mesmo com avanços, a maior dificuldade enfrentada pelos jovens ainda é o capacitismo. “Muitas pessoas acreditam que eles não têm capacidade para aprender. Eu não posso exigir deles o mesmo desenvolvimento de uma criança típica, a gente procura respeitar a potencialidade e o tempo de cada um. Tem muita gente que não consegue entender isso e se torna um pouco difícil da gente trabalhar, mas devagar a gente vai quebrando esses paradigmas”.

A instituição filantrópica conta com apoio financeiro da Prefeitura, por meio da SME (Secretaria Municipal de Educação), além de convênio com a SMS (Secretaria Municipal de Saúde), para atendimentos do SUS na parte terapêutica, como fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e psicologia. Para arcar com despesas como contas de água, luz e telefone, “a gente corre atrás com promoções, bazares, e contamos com doações de dinheiro e alimentos”, explicou Marques.

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