Atividade de pai para filho
PUBLICAÇÃO
sábado, 24 de agosto de 2019
Vitor Ogawa - Grupo Folha
Os feirantes Francisco Yuji Fuse, 63, e José Oshiro, 69, têm em comum o fato de terem herdado dos pais a tradição de serem feirantes. Ambos relatam que seus progenitores foram alguns dos fundadores da feira livre que hoje funciona no centro. Oshiro relata que o pai dele iniciou a atividade vendendo verduras na rua, com carrinho de mão. “Depois ele passou a vender com uma carroça e posteriormente começou a trabalhar na feira”, relembra. “Antigamente, no tempo de meu pai, a atividade de feirante era bem melhor, pois tinha mais movimento e não tinha muita concorrência. Agora temos a concorrência de supermercados”, aponta. Mesmo assim, garante que "é muito bom ser feirante".
“Eu sempre gostei da atividade. É sempre uma coisa boa. O convívio com os clientes é muito bom, porque tem muita amizade. A gente vê sempre gente nova na feira”, diz. Oshiro conta que dorme geralmente às 21 ou 22 horas. “Três dias por semana eu acordo 1h30 da madrugada para fazer a carga das mercadorias e levo para a feira. Minha esposa fica na banca e eu vou buscar as folhagens, porque tenho que pegar no dia para não murchar. Os legumes consigo pegar no dia anterior.”

Fuse, por sua vez, relata que o pai dele começou vendendo produtos de secos e molhados, como arroz, feijão e frutas. “A barraca existe desde 1959. No começo foi na praça Sete de Setembro, depois foi para a rua Espírito Santo e depois foi para a Alagoas. Eu comecei a trabalhar depois de fazer o Tiro de Guerra, desde 1975. Eu acordo às 4h30 e chego aqui às 5h30. É divertido trabalhar na feira porque aqui a gente conhece bastante gente”, destaca. Chico, como é conhecido entre os clientes, se especializou na venda de coco ralado, mas conta que nos últimos anos as vendas têm sido pequenas. “Caiu bastante. Antes vendia mil quilos por mês. Hoje é a metade disso, por causa da concorrência com os mercados.” Ele revela que o baixo movimento mudou o perfil das pessoas que trabalham na feira. “Antes havia muitos japoneses e descendentes trabalhando aqui. A partir dos anos 1980 a 'japonesada' foi toda para o Japão e perdi o contato deles”, aponta. Ele também considera o convívio com os clientes o melhor da profissão. “O pessoal conversa bastante”, relata.
Ambos cobram mais apoio do poder público, principalmente para disponibilizar banheiros químicos nos locais em que as feiras livres são realizadas. Essa estrutura já foi disponibilizada anteriormente, mas o serviço foi suspenso.
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