São Paulo, 01 (AE) - O prefeito Celso Pitta (PTN) disse hoje que o governador Mário Covas (PSDB) deveria demitir o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi. "Ele já mostrou total incompetência para o exercício do cargo"
afirmou. Segundo Pitta, o Estado não tem política de segurança pública para a capital e, por isso, ele pretende equipar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) com "equipamentos de tropa de choque". "Para fazer o que a Polícia Militar e a Secretaria da Segurança deveriam fazer e não fazem".
Pitta quer que a GCM ocupe os espaços que, acredita, estão sendo deixados pela Polícia Militar na cidade. Ele afirmou que a Polícia Militar e a Secretaria da Segurança Pública foram omissas nos diversos incidentes com perueiros clandestinos na capital. "Há um erro muito grande, uma omissão muito grande do governo do Estado", disse. "Eu não vou compartilhar com isso". Ironia - Covas rebateu essas críticas com ironia. Para ele, o prefeito faz bem em equipar melhor a GCM. "Espero que ela trabalhe e a Prefeitura não venha depois pedir para correr atrás de fiscal de feira", disse. "Polícia tem de cuidar de crime". O governador defendeu Petrelluzzi e descartou a possibilidade de vir a afastá-lo do cargo. "Se o Pitta acha que Petrelluzzi é incompetente, ele que não o convide para ser seu secretário", comentou.
O prefeito seria, segundo o governador, a última pessoa a quem recorreria para pedir indicações para o secretariado. Em nota oficial divulgada hoje à tarde, Petrelluzzi afirmou que não pretende mais discutir com Pitta. "Até porque essa polêmica já foi longe demais e tenho outras preocupações com relação à segurança do Estado". Choque - A decisão de Pitta fere a Constituição. Pela lei, compete ao Estado e não ao Município ter poder de polícia sobre os cidadãos. Sua atuação deveria restringir-se à segurança do patrimônio público. Caso surpreendam alguma pessoa cometendo um delito, os guardas municipais têm o mesmo poder de prisão em flagrante garantido a todos os cidadãos.
O prefeito disse que não está preocupado com problemas jurídicos. "Estamos falando de vidas, da tranquilidade de pessoas, de gente que hoje, ao entrar no ônibus, não sabe se vai completar sua viagem ou se vai ser interrompido por um coquetel molotov", afirmou Pitta. "O resto é secundário e não vou ficar inerte diante de uma situação que se agrava dia após dia".
Ontem à tarde, o secretário do Governo Municipal, Carlos Augusto Meinberg, reuniu-se com o comando da GCM para definir quanto seria necessário remanejar do Orçamento para equipar e treinar os homens. Pitta disse que não será possível realizar as mudanças que pretende em curto prazo, mas utilizou as declarações de Petrelluzzi para defender sua decisão. "Se o próprio responsável pela segurança acredita que a GCM deva transformar-se em PM, vamos fazer isso imediatamente", afirmou.
Petrelluzzi questionou ontem a razão da existência da GCM. "Manda esse pessoal embora, eu contrato, treino para ser PM e aí a gente faz mais segurança na cidade", disse, ao comentar a intenção do secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro, de entrar na Justiça para obrigar a PM a acompanhar as equipes de fiscalização nas blitze contra perueiros.