AstraZeneca diz que eficácia de medicamento contra Covid-19 supera 80%
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quinta-feira, 18 de novembro de 2021
Phillippe Watanabe - Folhapress
São Paulo - A farmacêutica AstraZeneca anunciou, em comunicado oficial nesta quinta-feira (18), que seu anticorpo monoclonal AZD7442 foi capaz de reduzir o risco de Covid-19 sintomática e também o de desenvolvimento de quadro severo e morte. Anticorpos monoclonais são, resumidamente, proteínas desenhadas para atacar especificamente um alvo.
A empresa apresentou dados, ainda não revisados por pares, de dois estudos randomizados, duplo-cegos e com grupo controle. Em um deles, destinado a observar o potencial de profilaxia de exposição da droga biológica, foram recrutados mais de 5.000 adultos tidos como com risco aumentado de contrair Covid ou com risco de respostas inadequadas à imunização, como pessoas com câncer em tratamento de quimioterapia, pacientes em diálise e quem toma medicamentos imunossupressores.
Segundo a AstraZeneca, mais de 75% dos participantes desse estudo têm comorbidades que os colocam em alto risco de Covid grave, caso se contaminem. Com uma dose de 300 mg, com aplicação intravenosa, da combinação (AZD7442) de seus anticorpos monoclonais tixagevimab e cilgavimab, a farmacêutica diz ter observado uma redução de 83% no risco de desenvolvimento de Covid sintomática, em comparação com o grupo placebo.
No grupo que tomou o medicamento biológico, não houve registros de mortes por Covid ou de quadro grave, com um período de análise que se estende por seis meses.
No braço do estudo que recebeu placebo, foram registrados cinco casos de Covid grave e somente duas mortes. O estudo ocorreu com pessoas dos EUA e da Europa.
No outro estudo, também divulgado nesta quinta e ainda sem revisão por pares, a empresa analisou o potencial de uso da combinação de anticorpos monoclonais no tratamento de pessoas adultas com confirmação laboratorial de Covid leve a moderada, sem necessidade de hospitalização e sintomáticas por sete dias ou menos.
Nesse caso, os pesquisadores da farmacêutica aplicaram o dobro da dose de anticorpos (600 mg) e observaram redução de 88% no risco de desenvolvimento de Covid severa ou de morte, em comparação ao grupo placebo. As pessoas foram seguidas por 29 dias e o acompanhamento permanecerá por 15 meses.
Segundo a empresa, nesse segundo estudo, cerca de 13% dos participantes tinham 65 anos ou mais e 90% deles tinham comorbidades que elevam seu risco para Covid grave, como câncer, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. A AstraZeneca afirma que, de forma geral, o AZD7442 foi bem tolerado. A farmacêutica diz ainda que os dados serão submetidos para revisão por pares e publicação em revistas científicas. Vale ressaltar que a droga não substitui a necessidade de vacinação contra o novo coronavírus.
Anteriormente, em análise preliminares, a AstraZeneca já havia anunciado que o tratamento tinha eficácia de até 77% contra o risco de desenvolver Covid sintomática. Esse não é o único anticorpo monoclonal com resultados positivos contra a Covid. Um deles é o Regen-Cov (combinação de casirivimabe e imdevimabe), da farmacêutica Regeneron, que tem aprovação para uso emergencial no Brasil.
Segundo estudo publicado na revista "The New England Journal of Medicine", o medicamento biológico conseguiu reduzir casos de Covid em moradores de uma mesma casa onde havia pacientes diagnosticados com a doença. Ele também foi capaz de evitar hospitalização e mortes em pessoas com risco de desenvolvimento grave da doença.
Já os anticorpos monoclonais desenvolvidos pela farmacêutica Eli Lilly conseguiram reduzir em até 70% o risco de hospitalizações e mortes por Covid. A combinação de eanlanivimabe e etesevimabe também tem aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Há ainda o regdanvimabe, anticorpo monoclonal da Celltrion Healthcares, e, por fim, o sotrovimabe, medicamento biológico da GlaxonSmithKlein (GSK), ambos com autorização para uso emergencial pela Anvisa. Esses demonstraram reduções consideráveis no risco de progressão da doença em pessoas a partir de 12 anos e com chance elevada de agravamento da Covid.