Associação de Moradores recebe ajuda para limpar pichações da Concha
Vizinhos da Praça 1º de Maio dizem que os danos foram causados durante ato conta Bolsonaro; manifestantes dizem que estragos podem ter sido feitos por "qualquer pessoa infiltrada"
PUBLICAÇÃO
domingo, 06 de junho de 2021
Vizinhos da Praça 1º de Maio dizem que os danos foram causados durante ato conta Bolsonaro; manifestantes dizem que estragos podem ter sido feitos por "qualquer pessoa infiltrada"
Reportagem local
Após a publicação de uma nota de repúdio compartilhada por centenas de pessoas nas redes sociais, membros da Associação dos Amigos e Moradores do Centro Histórico de Londrina conseguiram ajuda para pintar o espaço público que foi pichado. Segundo a associação, as pichações foram feitas por manifestantes do ato 29M, em favor da vacina e do auxílio emergencial e contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, realizado no dia 29 de maio.
No texto, em mais de uma vez a entidade reconhece o direito de protestar dos manifestantes, um dos pilares da democracia, mas se disse “estarrecida” com a depredação do patrimônio público e pede punição ao que chama de “aberrações comportamentais” e cobra ressarcimento dos danos aos cofres públicos. A nota menciona um coletivo e dois partidos políticos.
Integrante da associação, Iara Franco Coutinho Hernandes lamentou o ocorrido. Ela contou que no final de abril, houve um empenho por parte da entidade para que o espaço público estivesse restaurado no dia 1º de maio, data em que a Concha completou 64 anos de existência. “Eu acho que é um direito que nós temos e temos que exercer muito bem, de protestar e falar o que não nos agrada, mas não temos o direito de depredar as casas e o comércio.”
Segundo Hernandes, os manifestantes picharam e colaram cartazes na parte interna da Concha. Os cartazes foram retirados com água e as pichações foram apagadas com tinta. Após os muitos compartilhamentos da nota de repúdio emitida pela associação nas redes sociais, a comunidade de Carros Antigos e Motociclistas se mobilizou para conseguir ajuda para limpar as pichações, o que já foi feito, embora o material arrecadado não tenha sido suficiente para apagar as pichações de bancos e piso.
À reportagem, a associação enviou fotos e vídeos de manifestantes reunidos na Concha e em passeata, captados no dia do ato público, e imagens de bandeiras de movimentos envolvidos na organização do protesto. Um dos registros mostra o “antes” e “depois”, mas em nenhum deles é possível identificar os autores das pichações.
Em Londrina, o movimento 29M foi articulado pelo Comitê Unificado, Frente Ampla composta por mais de 40 organizações. Uma delas, a Frente Feminista. Representante da Frente no comitê, Meire Moreno destacou que nas discussões que ajudaram a construir o ato público, a questão das pichações e lambes (cartazes) chegou a ser discutida, mas os organizadores decidiram que não era o momento desse tipo de manifestação e a orientação era para que houvesse a preservação do patrimônio público, o que foi reforçado durante o protesto. “Mas nem tudo o que se realiza no ato é a opinião da organização”, disse Moreno.
A membra da Frente Feminista destacou ainda que a Polícia Militar acompanhou todo o ato, para o qual foram destacados agentes e viaturas. “A polícia, que é profissionalizada, não conseguiu controlar o ato de algumas pessoas”, ressaltou Moreno. A organização estimou em três mil pessoas o número de participantes do evento.
Em nota de esclarecimento, o Comitê Unificado salientou que intervenções realizadas durante manifestações populares, como colagem de lambes e pichações, não podem ser controladas pelo comitê e que a organização não planeja ou executa essas ações. “Entendemos que qualquer pessoa infiltrada pode, por desejo individual, executar esse tipo de manifestação”, afirmou a nota.
A Frente Ampla também disse repudiar “a criminalização e a responsabilização do Comitê Unificado por conta deste motivo” (pichações na Concha Acústica).