O assassino do jornalista e humorista Leon Eliachar, Roy Santos Baumer, 39 anos, está livre depois de cumprir 13 anos e sete meses de prisão. Ele deixou a Colônia Penal de Piraquara ontem e está na casa de amigos em Curitiba. Baumer matou a tiros o jornalista no dia 29 de maio de 1987 e foi condenado a 19 anos de detenção pela Justiça. Leon Eliachar era egípcio e nasceu em 1922. Escolheu o Brasil para viver e escreveu inúmeros livros.
Os advogados contratados pela família Baumer, Ana Paula Ribas Vieira e Sérgio Neiva Vieira Filho, conseguiram a redução da pena em quase oito anos. O assassino de Leon Eliachar foi removido para a Colônia Penal Agrícola em 1997 e a pena ficou em 11 anos e quatro meses, depois de autorizada pela Justiça a concessão do benefício.
A morte de Eliachar teve repercussão nacional. O jornalista foi envolvido num crime passional depois de ter se relacionado com Vera Araújo, de família tradicional na região de Palmas, Sul do Paraná. O marido de Vera, Alberto Araújo, conhecido como ‘‘Beto Pitanga’’, descobriu a relação extraconjugal da mulher e contratou o pistoleiro para matar Eliachar no Rio de Janeiro.
Para atrair o jornalista, Beto Pitanga contratou a dançarina Iza Cavagnol Machado, conhecida na região como ‘‘Sheila’’. A dançarina trabalhava na Boite La Piova e em poucos dias conseguiu acesso livre ao apartamento do jornalista, no Rio de Janeiro. Num momento de distração, segundo apurou a polícia na época, Sheila facilitou a ação de Baumer e de outro pistoleiro.
A morte do jornalista também contou com a colaboração de um delegado aposentado da região de Palmas, conhecido como Prosdochimo. Sheila, Baumer, Prosdochimo e Beto Pitanga foram condenados à prisão. Baumer foi o último a obter liberdade. O caso só foi elucidado graças a uma falha de Sheila. Momentos antes do assassinato, Eliachar tirou fotos com a moça. As fotos foram encontradas no local do crime. A polícia localizou Sheila horas depois e chegou ao mandante do crime.
Ruth Bolognese, assessora da vice-governadora Emília Belinati (PTB) e ex-Jornal do Brasil, fez a cobertura do crime na época. Ruth conta que passou onze dias em Palmas e que o crime foi desmantelado pela polícia em poucos dias. ‘‘Foi um crime tipicamente passional, que chocou o País. Tentaram envolver drogas na história, mas não encontraram nenhum indício. Não tinha nada disso’’, relatou.