O assaltante Marcelo Moacir Borelli, preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília há quase um ano, foi espancado por 28 presos ontem durante o banho de sol e foi levado inconsciente ao Hospital de Base. Ele teve a mão esquerda fraturada, sofreu traumatismo craniano e levou 50 pontos na cabeça.

Borelli foi condenado a 162 anos de cadeia pelo espancamento de uma criança de três anos no Paraná e é acusado de participar do sequestro de um Boeing da Vasp, no ano passado.

Dos 35 presos da carceragem da Polícia Federal, apenas três mulheres, dois policiais detidos e um doente -supostamente Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar- não participaram do espancamento. Beira-Mar, que já teve os pinos retirados do braço operado, faz o banho de sol separado dos outros presos.

O médico-perito da Polícia Federal, Hildiberto Vitoriano, foi chamado às 9h40 para atender Borelli. O preso estava inconsciente numa poça de sangue, segundo ele.

Ontem à noite, os médicos já consideravam a condição de Borelli mais estável. O assaltante estava consciente, foi sedado e ficará em observação pelas próximas 48 horas.

Segundo Flávio de Pilla, advogado de Borelli, a transferência para o Paraná será solicitada imediatamente. ''Ele se queixava de querer sair de Brasília, talvez porque estava preocupado com sua integridade física'', afirmou.

A Polícia Federal abrirá inquérito para apurar o espancamento. Os policiais trabalham com a hipótese de represália porque Borelli era considerado um ''criador de caso''.

Em maio, Borelli participou da primeira rebelião de presos na Superintendência da PF e manteve o chefe da custódia refém por cinco horas usando uma arma feita de sabonete e madeira.

Depois disso, todos os presos passaram a ser mais vigiados. Borelli pode ter tentado fugir no feriado passado e foi delatado. Após a revista geral, durante a qual os presos ficaram nus, Borelli foi considerado o culpado do ''castigo''.