Há 49 anos em atividade, o Asilo São Roque, em Tamarana, na Região Metropolitana de Londrina, pode fechar as portas no dia 12 de dezembro deste ano. Com as contas no vermelho, a entidade responsável pela unidade diz que não há condições de seguir com o trabalho, que hoje atende 20 idosos, sendo a maioria acamada. A entidade solicitou um aumento de pouco mais de R$ 12 mil por mês à Prefeitura para continuar com as atividades, que negou o pedido com a justificativa de que o valor não estava previsto no orçamento.

A voluntária Emiko Olinda Goto é presidente da Associação São Roque, que mantém as atividades do asilo há 49 anos. A instituição sobrevive com o repasse mensal de R$ 36.863,75 da prefeitura e outros R$ 19 mil, que representam 70% do valor que os idosos que vivem no local recebem de aposentadoria ou benefícios. Além disso, são feitas ações de auxílio pela comunidade e recebidas doações.

A associação pede desde o início do ano um aumento de R$ 12.533,68 no valor do repasse municipal, totalizando R$ 49.397,43 por mês, para aliviar as contas. O asilo fornece seis refeições diárias para os 20 idosos que vivem no local. Os residentes têm problemas de saúde e mobilidade reduzida, sendo que a maioria é acamada e utiliza fraldas geriátricas.

Com 17 funcionários, o serviço do asilo, aponta Goto, é semelhante ao de um hospital, já que precisa de enfermeiros e técnicos de enfermagem 24 horas por dia. “Eu não estou fechando, eu estou entregando [o serviço] para eles [prefeitura] porque não consigo trabalhar no vermelho por mais um ano”, explica. Segundo ela, o valor repassado pelo município não é suficiente para arcar com as despesas, incluindo o pagamento de salários dos funcionários. O asilo recebe idosos que não têm família ou que foram maltratados por parentes.

O asilo conta com 13 voluntários, sendo que alguns participam apenas de forma esporádica. “Eles [prefeitura] falam que sou eu que não sei administrar [as contas do asilo]. Pode até ser que eu não esteja sabendo, mas a minha prioridade aqui é fazer os idosos se sentirem bem”, afirma. Segundo ela, o aumento de 30% por mês no repasse auxiliaria no reequilíbrio das contas, já que neste mês de setembro, por exemplo, o asilo não teve dinheiro para pagar as contas de água e de gás.

A Prefeitura de Tamarana, por meio de nota de esclarecimento publicada nas redes sociais, alega que não tem poder para solicitar a “entrega” do asilo por não ser uma entidade municipal e que indeferiu o pedido de aumento no valor dos repasses “por ser um valor substancial, não constar no orçamento deste ano e visando manter a saúde financeira do município”.

Ainda de acordo com a nota, o município diz que está ciente de que terá que assumir o trabalho e que “o primeiro passo será a criação da Instituição de Acolhimento de Longa Permanência para Idosos de Tamarana” por meio de uma Lei Municipal. Ainda esclareceu que pedidos de reajuste no valor dos repasses deveriam ter sido entregues até junho e que, até o momento, nada foi protocolado pela Associação São Roque. O município também informou que os idosos permanecerão no mesmo local, já que o espaço pertence à Mitra Arquidiocesana de Londrina.