Arcebispo de Aparecida diz que 'é preciso vencer os dragões do ódio'
Frase de dom Orlando Brandes fez parte da homilia da missa solene na basílica do Santuário Nacional de Aparecida
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
Frase de dom Orlando Brandes fez parte da homilia da missa solene na basílica do Santuário Nacional de Aparecida
Fabio Pescarini - Folhapress

Aparecida - O arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, afirmou na manhã desta quarta-feira (12) que "é preciso vencer os dragões do ódio e da mentira". A frase fez parte da homilia da missa solene na basílica do Santuário Nacional de Aparecida, lotada e com gente aglomerada do lado de fora.
Na fala, disse que é preciso escutar Maria e a população. "Maria venceu o dragão, e temos muitos outros que ela vencerá." Após citar que o da pandemia já havia sido vencido, mencionou os do ódio e da mentira.
"Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o da mentira. E a mentira não é de Deus, é do maligno", afirmou o religioso, que listou em seguida os dragões do desemprego, da fome e da incredulidade.
IMPORTÂNCIA DO VOTO
Ele também defendeu a importância do voto, em uma referência ao segundo turno, no próximo dia 30, à Presidência e aos governos estaduais. "É necessário exercer esse direito", afirmou. "Está faltando pão, faltando fraternidade. Esse é o vinho que precisamos nos dias de hoje", disse, em outro trecho do sermão.
No ano passado, durante seu discurso, o arcebispo pregou "vamos abraçar os nossos pobres e também nossas autoridades para que juntos construamos um Brasil pátria amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada", em uma referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL), defensor do armamento, que mais tarde visitou o santuário.
No dia seguinte, o presidente rebateu o bispo dizendo que respeitava o religioso, mas que antes no Brasil "só bandido tinha arma de fogo". Candidato à reeleição, o presidente é esperado no santuário nesta quarta novamente. A expectativa é que ele chegue por volta de 14h.
Durante a missa solene, entre as autoridades foi citada a presença do senador eleito Marcos Pontes (PL), ex-ministro de Ciência e Tecnologia de Bolsonaro. O atual chanceler, Carlos França, também estava presente.

'EXPLORAÇÃO DA FÉ'
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) emitiu nota nesta terça-feira (11) na qual diz "lamentar e reprovar" a "exploração da fé e da religião" no segundo turno das eleições. Principal entidade da Igreja Católica no país, a CNBB não mencionou candidatos nem partidos no texto.
"Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições", afirma a entidade.
Além de Bolsonaro, o candidato apoiado por ele para o Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deverá ir ao santuário na tarde desta quarta. Ambos disputam o segundo turno contra candidatos do PT --o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-prefeito Fernando Haddad.
Na missa desta quarta, antes, dom Orlando já havia feito referências a agradecimentos pelos que superaram a Covid-19, que são muitos em Aparecida neste Dia da Padroeira do Brasil.
E foi a Covid-19 que levou Jéssica Santos, 38, moradora na zona norte da cidade de São Paulo, a esquecer as regras que durante dois anos impediam as pessoas de ficarem próximas das outras, ainda mais sem máscara, como estavam quase todos na basílica nesta quarta.
"Meu marido ficou duas semanas internado. Rezei muito para ele sarar", afirmou.
'EMOÇÃO MUITO FORTE'
Devota, Teresinha Sousa Teixeira, 68, chorou quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida passou pertinho dela para a missa das 9h, a principal das sete que serão realizadas ao longo desta quarta-feira (12) no Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo.
Para ver a imagem de perto, dona Teresinha precisou enfrentar uma multidão na basílica, superlotada e com longas filas do lado de fora, ao contrário do que se viu nos dois últimos anos de pandemia.
"É uma emoção muito forte. Desta vez vim aqui para agradecer", afirmou a idosa, de Goiânia. Ela disse que nas últimas três décadas, só não foi a Aparecida quatro vezes: quando seu marido e seu filho morreram e nos dois últimos anos, por causa da crise sanitária.
LOTAÇÃO COMPLETA
Depois de dois anos com restrições, o evento em homenagem à padroeira do Brasil voltou a ter lotação completa este ano –e, com isso, os fiéis enfrentam grandes filas e trânsito na chegada.
Para assistir a celebração da grade em frente ao altar central, dona Teresinha entrou na basílica às 5h, foi abrindo caminho, e não saiu mais.
A mesma sorte não teve Sebastião Jeremias, 57, que saiu de carro ante das 8h com a família, da vizinha Taubaté.
"A [rodovia Presidente] Dutra estava com muito trânsito e foi muito difícil estacionar", disse ele que pretendia escutar a celebração do lado de fora, igualmente aglomerado.
A direção do Santuário Nacional evita fazer projeções de público, por falta de parâmetro pela pandemia, já que em 2020 as celebrações foram fechadas. No ano passado, ainda com restrições, 70 mil pessoas foram a Aparecida para acompanhar as missas com distanciamento de lugares nos bancos.
Em 2019, antes da pandemia, 160 mil pessoas foram a Aparecida nas comemorações do Dia da Padroeira do Brasil.
Nesta quarta há filas de até 40 minutos na sala de velas, para ver a santa e em praticamente todos os locais públicos.
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