O governo estadual lançou na internet a plataforma Aula Paraná, estratégia para disponibilizar conteúdo a distância para os alunos em tempos de isolamento social por conta da pandemia de coronavírus. Um dos recursos criados, no entanto, um chat em que estudantes de todo o Estado podem trocar mensagens, se tornou um problema grave. Sem moderação de professores ou qualquer outro profissional da Seed (Secretaria de Estado da Educação), as páginas estavam carregadas com mensagens de conteúdo erótico, paqueras e até mesmo chamamento para suicídio coletivo.

Imagem ilustrativa da imagem App da Educação tem chat com chamamento de suicídio coletivo
| Foto: Reprodução
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O caso foi denunciado ao Núcleo de Proteção a Crianças e Adolescente do Ministério Público em Londrina. Indignados, pais de alunos que tiveram conhecimento do teor das mensagens já impediram os filhos de acessar o chat da plataforma. Diante de mensagens como: “Jamais vou deixar minha filha usar esse aplicativo. Vergonha alheia. Só tem insultos e palavrões”, o secretário de Educação, Renato Feder, comentou o caso nas redes sociais. “É triste, mas não tenho domínio sobre a má educação de muitos jovens!”.

Ainda nas redes sociais, Feder disse também que vai buscar alternativas para “tentar criar um corretor de palavras para evitar tais ações”. Ele encerrou dizendo que “por outro lado é bom sabermos desse problema para já criarmos uma solução”.

No entanto, até o fechamento desta edição, o governo não divulgou qual medida seria esta.

O presidente da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) em Londrina, Márcio André Ribeiro, definiu como uma temeridade a criação de um chat entre alunos sem uma moderação. “Nossa função é pedagógica, não entreter alunos. Nada do que está sendo feito se baseia no processo ensino-aprendizagem. Tentamos alertar o governo há algumas semanas, mas não nos deram ouvidos”, expõe.

Ribeiro questionou a estratégia de aulas a distância da Seed. “A experiência de usar internet e até TV, que seja, para aplicar conteúdo na rede estadual não pode ser comparada a de um colégio particular. Nossa realidade, infelizmente, é outra. Aqui em Londrina, por exemplo, como você vai cobrar de um aluno lá do Patrimônio Selva que ele assista ao conteúdo, ou baixe aplicativo? Essas vídeo-aulas deveriam ser, no máximo, um complemento, mas nunca obrigatórias”, opinou.

Por meio de nota, a Seed pontuou que esta primeira semana é de implantação da solução EaD. "Essa foi a saída encontrada para evitar que os cerca de 1 milhão de alunos da rede estadual tenham seu ano letivo prejudicado devido à crise do coronavírus. No momento, as aulas estão sendo transmitidas pelo YouTube e pela televisão aberta, em multicanais da RIC, afiliada da Record no Paraná".

Já sobre possíveis dificuldades de acesso de alunos que não possuem smartphones, a assessoria de imprensa do Governo do Paraná justificou que estes alunos poderão buscar o conteúdo nas próprias escolas por meio físico e realizar as tarefas normalmente.

Sobre o chat, a Seed informa que ele está inserido no aplicativo Aula Paraná e já está disponível para ser baixado para iOS e Android, mas ainda não está sendo utilizado de forma oficial porque passa por fase final de ajustes. "Pelo aplicativo também será possível acompanhar as aulas. No momento, entretanto, elas são transmitidas pelo YouTube e pela televisão".

As aulas não presenciais serão contadas como dias letivos. A solução foi desenvolvida de forma a respeitar a LDB e as diretrizes do MEC, tanto que obteve ampla aceitação por parte do Conselho Estadual de Educação (CEE) - o órgão deliberou com 17 votos favoráveis e apenas um contrário.

APLICATIVO

A Seed ressalta que as medidas de educação a distância adotadas nesta segunda vão garantir que os mais de 1 milhão de alunos da rede estadual tenham seu processo de ensino e aprendizagem mantido enquanto perdurar a crise do coronavírus no País. As escolas somente serão reabertas quando a situação for considerada segura pelas autoridades sanitárias. Ainda de acordo com a pasta, a proposta obteve ampla aceitação por parte do CEE (Conselho Estadual de Educação) que deliberou a respeito com 17 votos a favor e apenas 1 contra.

Além disso, a promessa é da Seed é que todo o conteúdo transferido através do aplicativo não consuma dados do pacote dos estudantes, o que ainda deverá ser regulamentado com as operadoras de telefonia e internet móveis.