Imagem ilustrativa da imagem Após lei seca e fechamento de bares, comerciantes protestam 'às portas' de Belinati
| Foto: Pedro Marconi/ Grupo Folha

Donos de bares de Londrina protestam em frente à sede da prefeitura, nesta sexta-feira (11), dia em que o prefeito Marcelo Belinati (PP) baixou lei seca no município por 14 dias, proibindo o consumo de bebidas alcoólicas em estabelecimentos que comercializem o produto. Com máscaras protetoras e narizes de palhaço, eles ostentam uma faixa em que alertas que “famílias dependem de bares e restaurantes”.

A manifestação ocorre no mesmo dia em que a Abrabar (Associação Brasileira e Bares e Casas Noturnas) convocou manifestação pelas redes sociais contra as medidas tomadas por Belinati para conter a pandemia do coronavírus no município. Na quarta-feira (9), o prefeito anunciou o fechamento de bares e de áreas públicas por 14 dias, o que desagradou os comerciantes.

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Nesta quinta (10), o presidente da Abrabar, Fabio Aguayo, disse que a abrangência apenas sobre bares é discriminatória e que buscaria na Justiça a suspensão do decreto. Entretanto, segundo a reportagem apurou, os comerciantes buscam individualmente liminares para que possam seguir funcionando.

Dono de uma hamburgueria que também vende chopps artesanais, com duas unidades em Londrina, Eduardo de Oliveira Andrade afirma que, ao baixar os decretos restritivos sobre bares, Belinati “assinou seu atestado de incompetência”.



Isso porque, para ele, não houve fiscalização em praças públicas, chácaras ou estabelecimentos que não cumpriam as medidas protetivas contra a disseminação do novo coronavírus. “Nós (empresários) fizemos a nossa parte, mas a prefeitura não fez a dela, de fiscalização. Depois disso tudo, coloca a culpa [do aumento de casos] em cima dos bares e prejudica quem estava trabalhando corretamente”, reclama o empresário.



Ele afirma que, na segunda-feira (14), com apoio da Abrabar, os proprietários e funcionários dos bares e restaurantes devem voltar para a frente da Prefeitura de Londrina para um novo protesto.

Uma das integrantes do grupo, Ronise Castro, que possui um restaurante de cozinha asiática, ressaltou que o grupo pediu na pauta para que reveja o caso de bares e restaurantes. "Somos tratados como os vilões da história. Não acreditamos que a postura seja correta. Sou a favor de multar e lacrar estabelecimentos que não estejam seguindo as regras."

Ela se diz a favor para que se multe quem desrespeita as regras, mas não como os que estão respeitando. "Estamos pagando pelo mal que os outros cometem", destacou. Então feche a venda de bebida alcoólica para toda a cidade. Porque a prefeitura ainda permite a venda de bebidas alcoólicas em supermercados, postos de combustíveis e lojas de conveniência? Por quê não proíbe a venda total?", questionou. "Ele precisa achar um vilão e escolheu a gente para Cristo", lamentou.

Em nome de um tradicional bar de Londrina, Rhay Souza, estava indignado com a decisão. "Temos que demonstrar o quanto isso é prejudicial, pois mesmo abertos na pandemia, nosso faturamento já caiu 90% e ficar fechado por mais 14 dias, com possibilidade de prorrogação, é algo devastador. O comércio de Souza funciona há 41 anos e de seu ponto de vista, não só os clientes serão lesados pela falta de oportunidade de um espaço organizado e que está seguindo as normas exigidas comitê de saúde, mas, também empregados e fornecedores", citou.

"Embora o prefeito alegue que liberou uma linha de crédito, na prática o Garante Norte é um tanto burocrático e até agora não adiantou nada. Dessa forma, enxergamos essas decisões como uma perseguição porque não há contrapartida, pois nós pequenos empresários não estamos sendo socorridos. Exige-se imóvel, fluxo de caixa e nos dias de hoje isso até parece piada", ressentiu-se.

Com capacidade para 200 clientes, o restaurante de Leonardo Leão segue com atendimento reduzido. "Só 65 pessoas no máximo, mesa para quatro pessoas, não juntamos mesas e estamos à disposição da fiscalização. Não temos nada a esconder, mas essa decisão de proibir o consumo e venda de bebidas afeta muito nossa saúde financeira, que já está mal", lamentou. O empresário considera que a sobrevivência do negócio tem sido possível graças à compreensão de fornecedores que renegociaram dívidas, mas considera que a atual decisão não é assertiva e afeta o setor de lazer e turismo da cidade toda.

A empresária Bárbara Giangarelli uniu-se ao encontro em solidariedade e também um sentimento de profunda tristeza. "Meu pub está fechado desde março, investi muito e não posso desistir de meu sonho, mas tenho esperança de que a vacina chegue como uma redenção e possamos sair dessa situação que se assemelha a pesadelo ou a um filme de terror", emocionou-se.

Com quatro anos de atividade, o estabelecimento de Giangarelli , por ser todo fechado, tem mais restrições. "Agora que consegui retomar pelo menos como bar, vem essa imposição que nos deixa de mão atadas. Estou com R$ 60 mil de dívida de aluguel - que me comprometi a pagar assim que tudo se normalizar, pois não gostaria de entregar o ponto, pois investi muito", lamenta. "Mesmo com a casa fechada, temos a conta de águas, as questões trabalhistas e fico ressentida porque a sensação é que estamos pagando o pato - parece que só em bares se transmite o vírus", questionou.

O secretário de Saúde, Felippe Machado, e o Chefe de Gabinete interino, Tito Vale, receberam empresários do setor de alimentos e bebidas e, segundo o N.Com (Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina), as principais reivindicações apresentadas foram pela liberação da venda de cerveja nos estabelecimentos em geral.



Os secretários justificaram aos manifestantes que os decretos pretendem proteger a saúde e a vida da população contra o coronavírus. Uma nova rodada de conversas foi programada para a tarde de quarta-feira (16).

(Atualizado às 21h30)