Data para desocupação do Flores do Campo está indefinida, segundo entidades de apoio aos moradores
Data para desocupação do Flores do Campo está indefinida, segundo entidades de apoio aos moradores | Foto: Gustavo Carneiro/Folha de Londrina



Apesar de terminar nesta quarta-feira (21) a suspensão de 90 dias para a desocupação do Residencial Flores do Campo, a retirada das famílias não deve ocorrer na data, segundo representantes de entidades que apoiam os moradores. A informação foi dada por representantes das entidades que participaram de reunião na 2ª Vara Federal de Londrina nesta segunda-feira (19). Após reunião na Justiça Federal, o juiz responsável pelo caso deve analisar toda documentação contida nos autos e ouvir os envolvidos antes de a reintegração ocorrer, afirmam representantes das entidades. Com isso, o plano de reintegração fica suspenso por tempo indeterminado.

Prevista inicialmente para ocorrer em 21 de novembro do ano passado, a reintegração foi suspensa por 90 dias na véspera da operação. O pedido, à época, foi formalizado por moradores do bairro que defendem a "necessidade de aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana, função social da propriedade, bem como dos direitos de moradia e razoabilidade". Atualmente, o Flores do Campo abriga 160 famílias, de acordo com os próprios moradores.

Segundo Autieres Oliveira Costa, a reunião foi marcada para que as entidades e moradores expusessem sua preocupação em relação a uma realocação digna e a "falta de disposição que o município e o Estado têm demonstrado em conversar".

Para ele, o resultado da reunião foi positiva. "Sentimos a disposição do juiz para tentar viabilizar uma alternativa. Também pedimos uma audiência com a CEF e o município, via mediação pelo Judiciário", diz. Para ele, apesar de terem corrido os 90 dias, deveria haver um preparo da administração pública para dar uma destinação digna para os moradores. "Mas isso não se viu."

Autieres e o conselheiro do Coped (Conselho Permanente de Direitos Humanos do Estado do Paraná) Carlos Henrique Santana dizem que o juiz responsável se dispôs a garantir que a desocupação ocorra respeitando-se os direitos civis dos moradores.

O presidente da Cohab-LD (Companhia de Habitação de Londrina), Marcelo Cortez, diz que a empresa não faz parte do processo, mas que a Caixa, que é a financiadora da construção pelo Mina Casa Minha Vida, já solicitou apoio na ação de despejo. Cortez explica que devem ser fornecidos caminhões para a retirada dos pertences, mas os próprios moradores devem indicar a destinação. "Não há como fazer atendimento prioritário daquelas famílias se temos hoje outras milhares aguardando na fila [da moradia popular]", justifica.