O presidente do Sindserv-Londrina (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Londrina), Fábio Molin, afirmou que irá se reunir com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, nesta terça-feira (27) para cobrar uma melhora na restrição do fluxo de acompanhantes de pacientes nas unidades de saúde.

A reivindicação, que seria antiga entre os servidores da rede municipal de saúde, foi reforçada depois do episódio de agressão ocorrido no sábado (24), na UPA (Unidade de Pronto de Atendimento ) do Jardim do Sol, na zona oeste de Londrina, quando o acompanhante de um paciente desferiu socos, agrediu com um capacete e ameaçou funcionários com uma faca. Três servidores foram agredidos e ficaram feridos e uma das pessoas sofreu corte no supercílio e precisou receber pontos.

O acompanhante de um paciente  agrediu três servidores  da UPA do Jardim do Sol.
O acompanhante de um paciente agrediu três servidores da UPA do Jardim do Sol. | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Molin afirmou que o episódio deixou o Sindserv preocupado. “A gente acha que é um problema de trabalho na unidade. O local não tem um controle de fluxo de pessoas efetivo. As pessoas não entendem como funciona esse controle, pois cada paciente precisa ser avaliado para dar entrada na unidade e, para isso, tem todo um processo. A pessoa precisa ser analisada para avaliar a necessidade de ser medicada ou internada e, às vezes, é preciso fazer exames. Não é uma coisa rápida”, destacou.

Molin defendeu que esse controle de fluxo deve tentar barrar a entrada de acompanhantes e permitir a presença de acompanhantes apenas de pessoas idosas e crianças. “A gente fica preocupado com a integridade dos trabalhadores em seu horário de trabalho”, ressaltou.

“Foi agendada uma reunião para esta terça-feira (27) para tratar do assunto. Precisamos sentar à mesa para buscar essa melhoria”, declarou. Sobre a presença de guardas municipais, ele relatou que já foi feito o reforço na unidade. “A GM já deslocou reforço da escala deles, mas a ideia é mexer nesse processo de trabalho interno da unidade para que isso seja constante.” A Secretaria de Saúde do município irá fazer uma reunião com os funcionários da UPA e, entre os temas, deve discutir formas de melhorar o controle de fluxo de acompanhantes e a presença de mais guardas municipais na unidade.

GUARDA MUNICIPAL

O secretário municipal de Defesa Social, Pedro Ramos, afirmou que a GM estava presente no local no momento da ocorrência. “O que aconteceu foi um incidente isolado. Não foi uma prática comum. O cidadão, que estava totalmente surtado, estava acompanhando o pai dele, que já tinha recebido atendimento. Acabou adentrando em um espaço para pessoas que já estão em atendimento e agrediu os funcionários.”

Ele ressaltou que o GM de plantão estava saindo do intervalo para fazer a refeição e, ao se deparar com a situação, interveio rapidamente. “Não teve mal maior por conta da intervenção do guarda. É preciso responsabilizar aquela pessoa, que fugiu e saiu correndo. Ele abandonou o punhal e o capacete. Não foi possível fazer o acompanhamento e a prisão dele, porque fugiu de moto, mas existe a identificação dele e essas informações foram levadas à polícia judiciária, que deve responsabilizar o cidadão”, destacou Ramos. “A gente lamenta muito o episódio, pois não espera isso de um ambiente onde o pai já tinha sido atendido. Ele deveria se acalmar para dar conforto e segurança para o próprio pai.”

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ENTRADA PELO SAMU

De acordo com o técnico em enfermagem Elton Stecca, tudo ocorreu quando um paciente deu entrada na unidade pelo Samu. “Ele já estava medicado e iria passar por triagem. O filho dele entrou na unidade e perguntou porque o pai ainda não tinha sido atendido, quando tinha passado cerca de 15 minutos da entrada do paciente na UPA. Infelizmente ele encontrou com um servidor no corredor, que foi a pessoa que foi ajudar o pai dele, perguntando o que tinha acontecido e o rapaz partiu para cima dele, desferindo um soco contra ele. O soco foi tão forte que o funcionário precisou encostar na parede. Outro funcionário da recepção estava retornando do horário de jantar e o questionou porque ele estava fazendo aquilo e não obteve resposta. O rapaz partiu para cima dele, desferindo vários socos.”

Stecca estava na triagem, quando tudo ocorreu. “Eu vi a cena e parti para cima do agressor. Ele me agrediu com o capacete dele. Quando ele virou para o meu lado eu vi que ele estava com uma faca. Ele partiu para cima de mim e saí correndo para o local do raio-X. Lá ele se deparou com um médico, que não sabia o que estava ocorrendo. Foi muito chocante, era um momento em que a UPA estava com vários pacientes idosos. Foi uma cena triste e infelizmente não foi a primeira vez.” Ele relatou que o agente da Guarda Municipal, que faz a segurança do local, estava em seu intervalo no momento da agressão, e interrompeu seu jantar para conter o avanço do agressor.

Ele questionou a informação de que o caso de sábado foi um caso isolado. “É uma cena que a gente convive muito ali. A UPA parece a casa da mãe Joana, porque não há um controle de fluxo. Entra quem quer e sai quem quer e só tem um GM das 19h às 5 horas.”

Ainda sobre a declaração de Ramos, ele afirmou que só com ele já aconteceram dois casos de agressão em que precisou registrar BO (boletim de ocorrência). “ Outros funcionários também passaram por isso. Vamos rebater essa afirmação do secretário com documentos, com os BOs que foram feitos no período de sete anos.”

MANIFESTAÇÃO

Na noite de domingo (25) os técnicos em enfermagem e o Sindserv protestaram em frente da UPA do Jardim do Sol. Os manifestantes se queixaram de agressões que sofrem, inclusive se queixaram de registros de assalto com arma de fogo.

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