A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, nesta terça-feira (15), a importação excepcional da Sputnik V por Amapá, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Rondônia. A medida, no entanto, não incluiu o Paraná como um dos Estados autorizados a fazer uso do imunizante. O governo paranaense foi o primeiro a aventar o uso da vacina russa, inclusive com possibilidade de produção local, por meio do Tecpar (Instituto Tecnológico do Paraná).

O governo paranaense foi o primeiro a aventar o uso da vacina russa, inclusive com possibilidade de produção local, mas a ideia não seguiu adiante
O governo paranaense foi o primeiro a aventar o uso da vacina russa, inclusive com possibilidade de produção local, mas a ideia não seguiu adiante | Foto: Vladimir Simicek/AFP

O relacionamento entre o Instituto Gamaleya começou em julho de 2020 e o primeiro acordo entre as duas partes foi fechado em agosto do mesmo ano, para que o imunizante fosse produzido aqui. Essa possibilidade, porém, acabou não se concretizando. Mesmo assim, o governador Ratinho Junior chegou a assinar um contrato para aquisição de 10 milhões de doses da Sputnik V. Na época da assinatura foi divulgado que as doses seriam importadas pelo Tecpar tão logo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizasse o uso da vacina russa em solo nacional. Em abril deste ano, o Tecpar destacou que Paraná segue o PNI (Programa Nacional de Imunizações) e as definições do Ministério da Saúde e da Anvisa.

MONITORAMENTO

Para facilitar o monitoramento e a intervenção da Anvisa, se necessário, o quantitativo corresponde a vacinação de 1% da população de cada Estado: Rio Grande do Norte e Mato Grosso (71 mil doses), Rondônia (36 mil), Pará (174 mil), Amapá (17 mil), Paraíba (81 mil) e Goiás (142 mil).

O órgão poderá, a qualquer momento, suspender a importação, a distribuição e a utilização. O procedimento deverá ser realizado sob condições controladas, como a utilização apenas na imunização de indivíduos adultos saudáveis. Além disso, todos os lotes importados das vacinas somente poderão ser destinados ao uso após liberação pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

A vacina deverá ser utilizada em condições controladas, com condução de estudo de efetividade, com delineamento acordado com a agência e executado conforme as "Boas Práticas Clínicas".

RITMO ESTABELECIDO

O presidente da AMP (Associação Médica do Paraná), Nerlan Carvalho, afirmou que não sabe se seria vantajoso para o Paraná entrar com um pedido de uso emergencial da Sputnik V. “Já estamos com uma campanha de vacinação em andamento. Todos sabem que nós temos a disponibilidade tanto da Coronavac e da Astrazeneca como da Pfizer. Já temos um ritmo de vacinação que está estabelecido pela Secretaria Estadual de Saúde e é apenas uma questão de tempo para aplicar em toda a população. Também já temos a promessa do governador para que toda a população do Paraná seja vacinada até setembro”, destacou.

“Sinceramente fico na dúvida se acrescentar mais uma no portfólio seria uma boa ideia. Qual é a segurança disso? Eu sinceramente não sei”, declarou. De acordo com o médico, as datas já estão definidas e já existe uma oferta. “É só esperar que aconteça. Não sei até que ponto essa vinda da Sputnik pode mudar o cronograma de vacinação. Eu acredito que não daria mais velocidade ao processo de vacinação”, declarou.

Como já existem três tipos de vacina no programa de imunização, Carvalho acredita que fica mais complicado manter estoques. “Você tem acompanhado essas pessoas que não comparecem para receber a segunda dose? Pois é. Isso é uma realidade. Você deixa estocado essa segunda dose para aquele cidadão e ele não vem tomar a segunda dose. Daqui a pouco eles destinam essa dose para outra pessoa e o sujeito muda de ideia e resolve tomar a segunda dose, mas como ela foi destinada a outra pessoa não tem para ele. O que vai ocorrer? Ele vai reclamar dizendo que não tomou a segunda dose”, apontou.

A diretoria da Associação dos Municípios do Paraná foi procurada, mas não respondeu até o fechamento da edição. O prefeito Marcelo Belinati e a Secretaria de Estado da Saúde não quiseram comentar a decisão da Anvisa.(Com Folhapress)

Receba nossas notícias direto no seu celular, envie, também, suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.