BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou nesta quarta-feira (28) a importação, em caráter excepcional, de matéria-prima que deverá ser usada na produção de vacinas contra Covid-19 pelo Instituto Butantan.

O produto será importado da empresa chinesa Sinovac, que mantém uma parceria com Butantan para desenvolvimento e produção da vacina. A decisão ocorre após críticas do instituto sobre a demora da agência em autorizar o pedido, que havia sido feito pelo instituto em 23 de setembro.

Nesta quarta (28), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a demora na liberação provocaria um atraso no coronograma de produção da vacina, a qual deveria ter sido iniciada na segunda quinzena de outubro.

"A nossa previsão era para iniciar a produção da vacina no Butantan na segunda quinzena de outubro. Para tanto, foi solicitado à Anvisa, no dia 23 de setembro, a autorização para a importação da matéria-prima da China", disse Dimas Covas no início da tarde desta quarta.

"Esse atraso, na emissão da autorização, pode ter efeito na produção da vacina. Cada dia que aguardamos a autorização significa um dia a menos de vacina. Nós estamos tendo elevado número de óbitos no Brasil todo dia. Tem a necessidade da urgência. Esperamos que a Anvisa se pronuncie o mais rapidamente possível autorizando para que essa matéria-prima seja liberada."

Inicialmente programada para o dia 4 de novembro, a decisão da Anvisa foi tomada por meio de um novo procedimento, chamado de circuito deliberativo. De acordo com a agência, a autorização ocorre em caráter excepcional, já que a vacina ainda está na última fase de estudos.

O uso do produto, entretanto, ficará condicionado à aprovação de registro na agência. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem enfatizado que um compromisso de compra da vacina do Butantan pelo governo federal depende do aval da Anvisa, que por sua vez também é condição para a aprodução.

Na decisão desta quarta, a agência diz que o instituto "deverá manter o produto em suas instalações, e em perfeitas condições de acondicionamento, até que possa ser utilizado ou destruído" -- o que dependerá do registro na agência.

Em nota, a agência lembra que os estudos "ainda estão em andamento e não existe previsão de data para a vacinação".

O estado de São Paulo pretende disponibilizar 46 milhões de doses da Coronavac até o fim de 2020. Segundo o governador João Doria (PSDB) afirmou na mesma entrevista, as primeiros seis milhões devem chegar da China na próxima semana, já prontas para aplicação.

As outras 40 milhões de doses serão produzidas pelo Instituto Butantan com a matéria-prima importada da China. Segundo Covas, a fábrica está pronta, aguardando a chegada dos insumos para iniciar a produção.

Estado registra menor média de mortes Na entrevista desta quarta, o governo estadual informou que São Paulo registrou a menor média móvel semanal de óbitos dos últimos seis meses: 91 mortes. Pelo segundo dia consecutivo, se manteve abaixo de 100, segundo o governo do estado. Em relação aos últimos 15 dias, a redução nos óbitos foi de 23% e se comparado aos últimos 30 dias, a queda foi de 44%, de acordo com daddos da gestão Doria.

O estado contabiliza, nesta quarta-feira, 39.007 mortes e 1.103.582 casos confirmados de Covid-19.

As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 40% na Grande São Paulo e 39,2% no estado. Até a manhã desta quarta, havia 4.123 pacientes internados em enfermaria e 3.147 em UTIs.

O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, não descarta a possibilidade de uma segunda onda de Covid-19, a exemplo do que ocorre na Europa, ou "outro platô num nível mais baixo".