O Coesp (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública) avaliou que Londrina passa por um período de risco muito alto para a pandemia do novo coronavírus, classificando a cidade na cor roxa. A avaliação consta no relatório semanal do grupo de especialistas, datado desta quinta-feira (28).

Imagem ilustrativa da imagem Ante avanço da Covid, Coesp põe Londrina em alerta roxo
| Foto: Sergio Ranalli/19-5-2020

O Coesp chegou a esta conclusão após avaliar a evolução da pandemia nas últimas duas semanas, com elevação dos casos de síndromes gripais e síndromes respiratórias agudas, do número de casos confirmados de coronavírus e de óbitos. O número de casos diários estabilizou-se em altos valores, numa média de 225 por dia - nesta semana, Londrina chegou a bater o recorde de novos casos em um dia com 615 notificações.

E, além disso, as ocupações de leitos sempre próximas a 90% em Londrina e 91% na macrorregião e o maior patamar de média de óbitos desde o início da pandemia também foram levados em conta para a classificação roxa.

O nível de classificação de risco por cores não é adotado pela Prefeitura de Londrina, mas é o método de avaliação de São Paulo, por exemplo. A graduação de cores vai desde o verde (risco muito baixo) para amarelo (risco baixo), laranja (risco moderado), vermelho (risco alto) e roxo (risco muito alto).

No documento desta quinta, o Coesp faz 11 recomendações. As mais expressivas são a intensificação da fiscalização do distanciamento social e novas medidas para aumentá-lo, inclusive com restrições a reuniões familiares e em eventos, e a necessidade de intensificar o isolamento social com novas medidas de controle, a serem propostas pelo poder público.

Outras medidas incluem alertar a população de que os efeitos coletivos das vacinas necessitam de um número expressivo de pessoas imunizadas - o que não ocorre em nenhum lugar do Brasil neste momento -, que medidas restritivas de mobilidade levam de dez a 14 dias para causar efeito - ou seja, a adoção de uma política de distanciamento social mais dura só vai implicar em redução de casos em duas semanas -, uma reavaliação dos leitos de UTI disponíveis.

Para a presidente da AML (Associação Médica de Londrina), Beatriz Tamura, a evolução e o agravamento da classificação de risco de Londrina indicam que as medidas não farmacológicas para tentar frear a pandemia necessitam ser reforçadas ou mais restritivas, ou haver fiscalização maior contra aglomerações ou eventos. “O que [os indicadores] têm nos mostrado é que precisa ser mais restritivo”, avalia.

Ela recorda que a tabela do Conass, que levou à classificação roxa, já elenca algumas recomendações que deveriam ser adotadas ou sugeridas. Entretanto, precisam ser avaliadas e implementadas pelo poder público.

A FOLHA procurou, por meio das assessorias de imprensa e com ligação para seus celulares, o prefeito Marcelo Belinati (PP) e o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, para saber como o poder público recebe as recomendações e a classificação de risco do Coesp e se vai haver novas medidas de distanciamento social, mas eles preferiram não se pronunciar.(Colaborou Vítor Ogawa)

SITUAÇÃO PREOCUPA O HU

A diretora clínica do HU (Hospital Universitário) de Londrina, Vivian Feijó, disse que “é evidente o crescimento acelerado da doença na comunidade de Londrina e na região do Norte do Paraná”. Nesta semana, o HU trabalhou com seus indicadores praticamente acima de 90% - nesta sexta-feira (29), a ocupação nas UTIs (geral e covid) era de 91% e das enfermarias, 70%. Nesta quinta-feira, circularam imagens de uma fila de ambulâncias aguardando em via pública para levar pacientes ao pronto-socorro do hospital.

Durante os últimos três dias, no setor de urgência e emergência, 62% dos pacientes encaminhados para eram casos suspeitos ou confirmados de Covid. “A situação inspira cuidados e alertas por parte da população, porque os serviços estão sendo exigidos nos seus limites de potencial, de capacidade de atendimento e assistência”, alerta Feijó.

A diretora também afirma que não há possibilidade de ampliação do número de leitos, em um momento em que a chegada de pacientes é maior que o de altas e uma pessoa doente permanece de 9 a 15 dias internada. Então, o que temos de fazer é otimizar as orientações de precaução e prevenção (em relação ao coronavírus) para que não haja um aumento desordenado dos indicadores de pandemia. Caso contrário, em algum momento, pode faltar leito, monitor ou respirador”, diz.