Franca, SP, 10 (AE) - A indústria de calçados da cidade pode contratar neste mês de janeiro pelo menos mil trabalhadores. O ano de 2000 pode ser marcado pela retomada das exportações, segundo a expectativa do industrial Wanderley Sábio de Mello, da Samello, há 75 anos no mercado. Também as lojas nacionais compram bem, em função das boas vendas de dezembro. Os estoques estão baixos, os lojistas têm interesse em ver os lançamentos e a Couromoda, feira de calçados a ser aberta amanhã (11), em São Paulo, é um termômetro para o setor.
Neusa Facury, da Indústria Passo Firme, de Franca, produz de 1.800 a dois mil pares diariamente e emprega 170 funcionários. Desde meados de 1999 a empresa não demite. Ao contrário, contratou novos empregados e espera manter esse ritmo durante este ano, produzindo modernas linhas de mocassim, social, inglês e botas.
Entre as indústrias de Franca, a maioria participando da Couromoda, a expectativa em geral é otimista. As vendas de calçados foram boas no final de 99. Os lojistas agora estão curiosos esperando as novidades, querendo ver os lançamentos, as tendências e saber dos preços, que não podem ser altos. Essa é a tônica dominante do mercado desde os últimos tempos. Sapato caro
certamente não terá saída nas vitrines.
Ideal é produzir na fábrica um calçado que deve ficar entre R$ 15,00 e R$ 20,00 o par e que chegaria à loja entre R$ 25,00 e R$ 35,00. Acima disso, só com muita qualidade e marca. Os investimentos dos industriais e os esforços estão concentrados nesse tipo de programação. "É preciso reduzir os custos ao máximo e para conseguir isso as industrias trabalham com a menor margem de lucro possível", disse Neusa Facury. "Isso sem abrir mão da qualidade, pois o mercado exige hoje um produto realmente bom, bonito e com preço compatível."
Wanderley Sábio de Mello entende que Franca tem grande tradição e sabe produzir um calçado com padrão superior de qualidade. Com isso, consegue atender bem a exportação e o mercado interno. O diretor da Samello confirmou que sua empresa contrata nestes dias 200 novos funcionários e espera poder retomar a plenitude dos negócios para a exportação.
Franca aposta muito também na força das novas indústrias. Tribo dos Pés, Ferracini e Pé de Ferro são fábricas relativamente novas, comandadas pela geração jovem de industriais francanos.
O mercado interno ficou mais competitivo. Mais exigente em relação à qualidade, conforto e moda. Anos atrás o consumidor não exigia tanto. Hoje a tendência é fundamental, com muita pesquisa e marketing. Bernardino Pucci Neto e Alexandre Pucci dirigem a Tribo dos Pés ao lado de uma equipe que representa a jovem guarda da indústria e trabalha basicamente com informalidade e bom gosto. A empresa aposta na geração de empregos a partir das parcerias estabelecidas. Só a Tribo dos Pés pode gerar indiretamente 500 empregos com as iniciativas tomadas por Pucci, atingindo o público jovem e produzindo 35 mil pares por mês.