São Paulo, 30 (AE) - A AmBev promete reduzir nos próximos dias os preços de todas as bebidas da empresa. A empresa já iniciou hoje negociações com redes de supermercados de São Paulo, Rio e Brasília para reduzir em 5% os preços de venda ao varejo. A redução está condicionada ao repasse ao consumidor final. A negociação com outros Estados será feita num segundo momento, de acordo com a direção da AmBev. "Não pretendemos dar desconto que não seja repassado ao consumidor", disse hoje o co-presidente Victorio De Marchi.
Na primeira entrevista à imprensa após a decisão do Cade favorável a fusão das cervejarias Brahma e Antarctica, o co-presidente da AmBev, Victorio De Marchi, avaliou em cerca de R$ 500 milhões o valor de mercado da Bavaria, a marca que a empresa terá de vender, por determinação do Cade. Segundo pesquisa da Nielsen, a marca detém 4,7% do mercado nacional de cerveja. Lançada há três anos, a Bavaria chegou a ter 7% do mercado brasileiro, mas estabilizou em torno de 5%. O mercado paulista é o mais forte consumidor e a marca já teve 11% de participação.
Segundo Marcel Telles, co-presidente da AmBev, ao vender a marca Bavária em conjunto com cinco fábricas da empresa, o comprador terá capacidade de dobrar sua participação no mercado nacional de cervejas, chegando a 10%, já que as fábricas tem capacidade de produção ociosa. Nos últimos três anos, foram investidos R$ 100 milhões no marketing da Bavária. "É uma marca com muito futuro", avaliou Telles.
Essas cinco fábricas representam 12% das vendas da AmBev
produzindo 709 milhões de litros de bebida por ano. Para efeito comparativo, isso equivale à metade do mercado argentino. A marca Bavária representa praticamente a metade dessa produção. Até hoje, segundo De Marchi, a empresa não tinha sido procurado por nenhum potencial comprador. "Se conseguíssemos um comprador das 5 horas da manhã até agora, seríamos felizardos", afirmou, referindo-se ao fim da reunião do Cade, nas primeiras horas de hoje.
De acordo De Marchi, a fábrica de Ribeirão Preto é a única que não está em plena operação. Será necessário um investimento de R$ 20 milhões, que deve ser feito entre 60 e 90 dias, para que a fábrica possa ser colocada à venda. Marcel Telles, co-presidente, disse que se o Produto Interno Bruto do Brasil crescer de 4% a 5% como previsto, a Ambev poderá iniciar a construção de novas fábricas em dois anos.
A AmBev pretende vender 50% da sua produção de cerveja para o mercado externo em até cinco anos. A América Latina é o mercado prioritário para essa expansão. E, de acordo com o Marcel Telles, já há negócios em discussão. A empresa poderá comprar cervejarias no mercado latino-americano, associar-se com outras empresas ou mesmo iniciar operações da estaca zero.
Com a aprovação da AmBev pelo Cade, o acordo operacional entre a empresa e a Pepsi entra em vigor, permitindo a distribuição e o engarrafamento do Guaraná Antarctica em mais de 175 países. A meta da empresa é conquistar 1% do mercado mundial de refrigerantes nos próximos 4 ou 5 anos. Este mercado hoje está estimado em US$ 70 bilhões.
Segundo a empresa, a produção anual do Guaraná alcança hoje 800 milhões de litros, volume que coloca o refrigerante entre os 15 mais vendidos do mercado mundial. Sobre o possível fim da marca Guaraná Brahma, a empresa disse que pretende manter todos os produtos em linha. "O mercado de refrigerantes é um sonho para nós. Temos a sensação de que o Guaraná Antarctica será a outra Corona no mercado dos Estados Unidos", disse Marcel Telles, referindo-se ao fabuloso crescimento da marca mexicana nos últimos anos.