As áreas com alertas de desmatamento na Amazônia alcançaram um recorde absoluto no histórico recente do Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), para o mês de abril. Foram derrubados 1.012,5 km² de floresta.

É a primeira vez que um dos primeiros quatro meses do ano apresenta desmatamento que ultrapassa a casa de mil quilômetros quadrados.
É a primeira vez que um dos primeiros quatro meses do ano apresenta desmatamento que ultrapassa a casa de mil quilômetros quadrados. | Foto: Carl de Souza/AFP

É a primeira vez que um dos primeiros quatro meses do ano apresenta desmatamento que ultrapassa a casa de mil quilômetros quadrados.

O valor representa um salto expressivo de 74% em relação aos alertas de desmate registrados em abril do ano passado, cerca de 580,5 km², um número que também era o recorde para o mês.

Os mais de 1.000 km² destruídos chamam a atenção pelo momento em que ocorrem. Abril ainda está dentro do período de chuvas da Amazônia, no qual, normalmente, as derrubadas são menores, exatamente pelas dificuldades impostas pelo tempo para a prática de desmate - que, no bioma, em sua maioria são ilegais.

Tamanha área derrubada não é costumeira em qualquer mês do ano, mas, historicamente, quando ocorre, é a partir de junho, período em que já teve início a estação seca.

Em maio do ano passado, o desmate ficou acima de 1.000 km², algo também historicamente incomum para o mês.

Os dados são provenientes do programa Deter, programa do Inpe que dispara alertas de desmatamento praticamente em tempo e que, dessa forma, tem a função de auxiliar ações de fiscalização ambiental. O histórico da medição tem início no segundo semestre de 2015 (o monitoramento começou antes, mas mudanças tecnológicas impedem comparações diretas com os dados mais antigos da plataforma). Mesmo não sendo sua função primária a mensuração de desmate, a partir do Deter é possível ver tendências de derruba com o passar dos meses.

E a situação que se pinta para o desmatamento no ano já preocupa. Até o momento, três dos quatro meses de 2022 tiveram recordes de alertas de desmatamento. Somente março ficou um pouco abaixo do valor máximo de derrubada anterior (que foi março de 2021).

Historicamente, anos eleitorais, como é o caso de 2022, possuem taxas de desmatamento maiores. O que amplia a preocupação sobre o assunto é o fato de a Amazônia estar vindo de três anos consecutivos de aumento de destruição, com valores já superando a casa de 13 mil km² de mata devastada.

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