A paixão pelos carros antigos lotou a Praça dos Três Poderes, no Centro Cívico (zona sul de Londrina), neste fim de semana, para a segunda edição do Dia Municipal do Antigomobilista. Criada no ano passado, a data celebra a paixão que muitos têm pelos carros do século passado. Seja Fusca, Corcel ou Brasília, o investimento de dinheiro e de tempo é grande, mas vale a pena para os mais de 900 colecionadores apaixonados pelo hobby.

'ESTÁ NO SANGUE'

O construtor Rodrigo Rodrigues, 58, é dono de um Corcel 1973, que era muito utilizado décadas atrás como táxi pelo fato de ser um dos poucos modelos com quatro portas. Segundo ele, o gosto por carros antigos vem desde quando era jovem e morava no sítio: “é uma coisa que está no sangue e não sai da gente não”. Há quatro anos com o Corcel, ele conta que está aos poucos arrumando o carro, já que o investimento com as peças originais é grande. Rodrigues não usa o carro no dia a dia, apenas em ocasiões especiais, como eventos ou passeios. “A minha esposa sempre fala que não vai andar [no Corcel] para não ficar com o cabelo cheirando a gasolina”, admite aos risos.

Imagem ilustrativa da imagem Amantes de carros antigos se reúnem em Londrina
| Foto: Jéssica Sabbadini

HERANÇA DO PAI

Proprietário de um Dodge Dart 1970, o mecânico Hugo Apucarub, 40, conta que o gosto veio como ‘herança’ do pai, que tinha carros do modelo quando era mais novo. Considerando como um hobby, ele admite que é caro reformar e manter o carro em boas condições, já que o valor das peças e da funilaria pesa no bolso. “Tem que ir com cautela”, aconselha, admitindo que o investimento no carro já passou da casa dos R$ 60 mil. “Tem gente que gasta com futebol ou com viagens, mas o nosso gosto é carro antigo”, destaca. Sobre os eventos, ele considera que a participação dos amantes de carros antigos é fundamental para disseminar a cultura e incentivar outras pessoas.

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| Foto: Jéssica Sabbadini

'NOSSO XODÓ'

O engenheiro eletricista Henrique Zardiole, 46, é dono de um Fusca 1975, junto ao irmão, com quem compartilha o gosto por carros antigos, começado pelo pai, que foi proprietário de uma loja de veículos por 40 anos. A paixão é tanta que há menos de 15 dias eles compraram - por um preço que consideram bom - um outro Fusca, que já levaram para o evento mesmo sem ainda ter passado por um restaurador. “O nosso xodó é carro velho”, admite. Zardiole conta que para convencer a esposa a deixá-lo seguir com o hobby, ele tem que “melhorar o carro dela também”. Como próxima aquisição, ele conta que deseja uma Brasília. Por outro lado, a Kombi ele adianta que é um carro que está fora do orçamento, já que pode chegar a mais de R$ 200 mil por ser um modelo que vem sendo muito procurado por colecionadores internacionais.

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| Foto: Jéssica Sabbadini

HISTÓRIA

O evento também foi uma oportunidade de divulgar as ‘relíquias’ que estavam à venda, como o Maverick amarelo de Nilso Paulo da Silva, 60. O carro é de 1974 e, garante, está em perfeito estado de conservação. Está sendo vendido por R$ 59 mil. Ele conta que começou a comprar carros antigos, restaurar e vender há mais de 15 anos e defende a importância de conhecer os carros antigos. "Eu acho que os pais têm que incentivar os filhos porque isso aqui é história também. Você tem tecnologia, tem evolução de designer e o veículo é um item muito importante para entender a história de quando começamos, como estamos e aonde vamos chegar”, opina.

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| Foto: Jéssica Sabbadini

SAUDOSISMO

O empresário Leandro da Luz Ribeiro, 39, foi com a família curtir o evento e conhecer alguns veículos que circularam no século passado. Ele considera o carro como algo que faz parte da história e relembra do Fusca que o pai teve quando ele era mais novo. “Mas eu não tenho vontade de ter por conta do custo, que é alto”, admite.

Daniel Diniz, 47, explica que sempre gostou de participar desse tipo de exposição para ver os carros antigos, mas que também vê o evento com uma forma de prestigiar os colecionadores. Confirmando que tem vontade de ter um carro antigo, ele conta que já se dedica bastante às motocicletas, então ele deixa o carro “em segundo plano”.

Um dos veículos que mais chamou a atenção do engenheiro eletricista foi um jipe restaurado da Segunda Guerra Mundial, que tem aparatos específicos que foram colocados exclusivamente por conta da guerra. “Acho que também tem um saudosismo de uma geração. A gente viaja para tudo quanto é lado de Brasília deitado na tampa do motor para ficar quentinho. Não tinha nada de segurança e todo mundo era feliz”, relembra, acrescentando que eles eram felizes com o pouco que o carro tinha a oferecer.

CUNHO SOCIAL

O Dia Municipal do Antigomobilista foi instituído pela Lei Municipal N° 13.406/2022, idealizada pelo vereador Matheus Thum (PP). Em sua segunda edição, a expectativa do vereador é que o evento cresça a cada ano. A longo prazo, Thum quer que Londrina entre no circuito brasileiro de eventos de carros antigos, que hoje tem como referência a cidade de Águas de Lindóia, em São Paulo. Segundo ele, além de reunir os amantes do antigomobilismo, o evento também tem um cunho social, já que foram arrecadadas mais de duas toneladas de alimentos para serem distribuídos para instituições sociais da cidade.

O Dia Municipal do Antigomobilista é organizado por quatro clubes de carros antigos da região: Opaleiros Londrina, Quadrados Londrina, Air Cooled 043 e CCAL. “Nós temos um berço de carros antigos aqui [em Londrina], então os quatro clubes se reuniram para fazer acontecer. É um evento família para mostrar aquilo que as crianças e até os pais de crianças não puderam ver no passado”, ressalta Denis dos Santos Goulart é presidente do Opaleiros Londrina.