Na manhã deste sábado (2), alunos e familiares do CEEJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos) Professora Maria do Carmo Bocati, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), se manifestaram no Calçadão da cidade contra a posição da SEED (Secretaria de Estado da Educação) para transferir as atividades para um outro espaço.

A baixa frequência dos matriculados teria sido uma das justificativas para a decisão e a oferta da EJA ocorra no Colégio Estadual Olavo Bilac no período noturno. As informações foram publicadas pela FOLHA no dia 28 de novembro e a notícia levou os alunos a iniciarem uma mobilização em defesa do centro e que culminaram no ato desta manhã.

Marcilene Nonaka, 51: "Estamos em uma estrutura ideal"
Marcilene Nonaka, 51: "Estamos em uma estrutura ideal" | Foto: Walkiria Vieira

Uma das organizadoras do ato, a estudante do 9º ano do ensino fundamental Josiane Saraiva, 43 anos, afirma que a mudança será negativa. "Lá são poucas salas e ficaremos entulhados e o certo era que dessem pelo menos um ano para uma adaptação para essa mudança porque somos um perfil de aluno que sofre muito com esse tipo de mudança. Tem aluno autista, com depressão e eu que tenho ansiedade preciso de um tempo para essa transição", declarou.

`As pessoas faltam porque não são só estudantes´

A também aluna da EJA, Maria Madalena Barbosa, 53 anos, cursa o 3º ano do ensino médio. Ela trabalha como zeladora em Londrina e explica que em meados de 2024 conclui essa importante etapa de estudos. "As pessoas faltam porque não são só estudantes. Eu trabalho, sou dona de casa e não quero ir estudar em um lugar precário", teme.

Do ponto de vista do estudante José Messias Sousa, 26 anos, a mudança não representa diferença em sua busca pelo conhecimento e formação. "Eu não vejo problema e sei que estou com a vaga garantida para continuar no estudo", pensa. Já Marcilene Nonaka, 51, também aluna, considera que a lotação das salas para onde irão trará prejuízos. "Hoje estamos em uma estrutura excelente, com ar-condicionado, café da manhã para os que estudam de manhã e até jantamos na escola e não se sabe o que nos espera", aponta.

Exclusão

A professora aposentada Luciana Sumigawa, 52, não encara a mudança como assertiva. "Sempre houve baixa frequência, mas o o Estado tem a obrigação de ofertar a modalidade. Embora não haja nada oficial, essa possível decisão vai provocar exclusão porque não haverá oferta no diurno no Olavo Bilac e isso representa um prejuízo para a sociedade como um todo", compreende.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Paraná, mas não teve retorno.