Um vídeo feito por alunos sobre as condições do Colégio Estadual Jardim Panorama, em Sarandi (Região Metropolitana de Maringá), viralizou nas redes sociais pelo modo bem-humorado com o qual estudantes do ensino médio cobram melhorias por parte do governo Ratinho Júnior (PSD).

A gravação é atividade avaliativa da disciplina de Artes. O conteúdo a ser trabalhado era sobre movimentos de câmera, mas o tema era livre. Cinco estudantes resolveram, então, demonstrar problemas de infraestrutura do colégio.

Registrado em um dia aparentemente chuvoso, os alunos mostram, com comentários irônicos, goteiras e poças em corredores e na quadra, reclamam da falta de espelho, papel higiênico e de portas nos banheiros, do muro descascando, da porta de sala de aula com buraco pelo qual é possível uma pessoa passar, da falta de professores e de pichações.

Embora o vídeo tivesse apenas a finalidade de avaliação pelo professor, os alunos decidiram postá-lo na rede de vídeos curtos TikTok. A publicação originou interação de outros estudantes relatando similaridades e diferenças em relação às suas próprias escolas.

Após a publicação, a Secretaria Estadual de Educação passou a fazer inspeções no Colégio Jardim Panorama. Um aluno chegou a passar mal durante questionamentos feitos por pessoas que seriam ligadas à pasta. A reportagem tentou contato com a direção e o corpo docente da escola, que não quiseram dar entrevista.

O deputado estadual Arilson Chiorato (PT), que tem base eleitoral na região, disse que soube do vídeo no fim de semana e o repostou. O petista informou que recebeu na quarta-feira (23) informações de uma suposta investida da Seed (Secretaria Estadual da Educação).

Chiorato disse ainda que o NRE (Núcleo Regional de Educação) de Maringá entrou em contato com ele para explicar que a abordagem ao Colégio Jardim Panorama seria um procedimento feito em várias escolas, e que ocorreu após a divulgação do vídeo por coincidência. "O que quero saber é se houve uma tentativa de calar os alunos, mas é muito cedo para dizer isso", justificou o parlamentar.

A APP-Sindicato (Sindicato dos Professores em Educação Pública do Paraná) em Maringá afirmou que acompanha o desenrolar do caso, com oferta de apoio jurídico aos profissionais. Ressalta, ainda, que os alunos têm liberdade de expressão e que, por ser uma disciplina de artes, “não há uma necessidade de reproduzir a verdade” [no vídeo].

A Seed (Secretaria Estadual de Educação) afirmou que considera “a iniciativa dos alunos importante, em termos de exercício de cidadania, dentro da atividade proposta”. Por meio de nota oficial, informou que o colégio recebeu recursos provenientes do programa de incentivo E+B3, do Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional), de R$ 100 mil para reforma e adequação da entrada, secretaria, laboratório de informática e demais reparos.

“A Seed-PR informa ainda que o projeto para a realização de obras de acessibilidade, previsto para ser finalizado no mês de setembro (com recursos do governo do Estado), está em processo de aprovação junto ao Corpo de Bombeiros do Paraná, responsável pelo município. A previsão de início das obras é o primeiro semestre de 2024 e o investimento será de R$ 700 mil”, conclui a nota.