Alta ocupação de leitos coloca hospitais de Londrina em alerta
UTIs pediátricas e neonatais ultrapassam 200% de lotação. Com tempo frio, síndrome gripal congestiona atendimentos e preocupa autoridades
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 11 de junho de 2025
UTIs pediátricas e neonatais ultrapassam 200% de lotação. Com tempo frio, síndrome gripal congestiona atendimentos e preocupa autoridades
Bruno Souza

Os hospitais de Londrina estão em estado de alerta devido ao aumento da procura por atendimento. De acordo com a SMS (Secretaria Municipal de Saúde), as UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) pediátricas e neonatais dos hospitais que atendem pelo SUS no município ultrapassam 200% de lotação.
As alas dos três hospitais vinculados ao SUS estão, de maneira geral, com números acima da normalidade, mas, segundo Verônica Sanches, diretora de Atenção à Saúde de Londrina, os setores ligados às crianças são mais preocupantes.
"O que a gente está muito preocupado neste momento é a ala de pediatria, que está ultrapassando, nos leitos SUS contratualizados, mais de 200% da taxa de ocupação nas UTIs, juntando os três hospitais que abrangem o sistema público, o Hospital Infantil Sagrada Família, o Evangélico e o HU", disse.
De acordo com ela, mesmo que não sejam responsáveis exclusivamente pela alta taxa de lotação, as SRAG têm reflexo significativo na procura por atendimento.
"No PS (Pronto-Socorro) chega tudo, mas agora estamos atendendo bastantes atendimentos de síndrome gripal. Os casos em alta são agravantes na taxa de ocupação. No Paraná foi decretado urgência sobre as SRAG e, com certeza, essa superlotação acaba, até mesmo, restringindo o atendimento eletivo", destacou.
Sanches ressaltou que o município já trabalha na solicitção ao Ministério da Saúde para ampliar o número de leitos em Londrina. "A SMS está trabalhando na ampliação de leitos junto ao Ministério da Saúde, na rede de urgência, na UTI, encaminhamos várias documentações para adquirir mais leitos, só que isso demora um tempo. A recomendação do momento é o uso de máscara, lavar as mãos com álcool em gel e evitar aglomerações.
Lotação nos hospitais
O Hospital Evangélico, procurado pela reportagem, salientou que, além do pronto socorro lotado, todas as alas relativas ao SUS estão 104% ocupadas. A área de convênio hospitalar também opera ao máximo. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, há 24 pacientes com as SRAG (Síndromes Respiratórias Agudas Graves).
No HU, a lotação é de 167% nesta quarta-feira (11), com 176 ocupantes onde só há vagas adequadas para 105. Há também 44 pessoas internadas com as SRAG e 17 em ventilação mecânica, sendo duas crianças e 15 adultos.
Em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), a Santa Casa de Cambé ainda está operando dentro da capacidade, mas com 95% de ocupação. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, houve um ligeiro aumento na procura por atendimento relacionado às síndromes respiratórias. A Santa Casa ressaltou que é importante que a população mantenha cuidados simples, como higienizar regularmente as mãos e manter os ambientes arejados, para evitar virores comuns no inverno.
A Santa Casa de Londrina não divulgou números.
Boletim
A prefeitura de Londrina divulgou, nesta quarta-feira (11), o boletim referente aos casos de SRAG anotados no período de 1º a 7 de junho. Houve uma redução nas notificações por SRAG, de 45 para 38, sendo 18 delas em adultos e 20 em crianças.
Os óbitos relacionados às doenças, entretanto, aumentaram, de 64 para 68, sendo 11 deles por covid-19, outros 11 por influenza, dois por vírus sincicial respiratório, dois por outros vírus, dois por outros agentes etiológicos e 40 não especificados.
No caso dos serviços de urgência municipais, os dados do boletim semanal apontam que, do total de 3.093 atendimentos no PAI (Pronto Atendimento Infantil), 1.602 (51,79%) foram relacionados à síndrome gripal.
Nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e PAs (Prontos-Atendimentos), do total de 13.007 atendimentos, 3.210 (24,6%) foram relacionados à síndrome gripal. Na semana anterior, eles representaram 16%.
O boletim também trouxe os dados da circulação viral nas unidades sentinelas que fazem a vigilância dos vírus respiratórios em Londrina: PAI, UPA Sabará e HU. As três coletam, semanalmente, amostras para identificação dos vírus respiratórios circulantes no município e enviam para o Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná).
Nesse sentido, os principais vírus identificados em Londrina, entre 1º e 7 de junho, foram o Influenza A, o vírus sincicial respiratório, o rinovírus e o adenovírus. Em relação ao último boletim, a taxa de positividade para as síndromes cresceu e passou de 63,60% para 76%.
Vacinação
O balanço divulgado pela SMS (Secretaria Municipal da Saúde) trouxe informações sobre a cobertura vacinal geral da influenza em Londrina, que cresceu mais um pouco e chegou a 44,80% do público-alvo (idosos, crianças e gestantes). Na semana anterior, estava em 42,03%.
Entre os idosos, a cobertura vacinal também cresceu de forma sensível e passou de 49,28% para 51,95%. Gestantes também apresentaram aumento, de 21,14% para 22,17%. Nas crianças, o crescimento foi mais expressivo, de 22,80% para 26,07%.
A vacina contra a gripe em Londrina está liberada para a população em geral, acima de 6 meses de idade, e as doses estão sendo disponibilizadas em todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município.
A diretora de Vigilância em Saúde da SMS, Fernanda Fabrin, explicou que a taxa de cobertura vacinal ainda é considerada baixa, apesar dos diversos esforços realizados pela pasta. Segundo ela, o cenário atual exige atenção contínua em relação às síndromes respiratórias.
“Não podemos afirmar que há uma redução nos casos neste momento, pois isso só é possível com a análise de dados consistentes ao longo de, pelo menos, três semanas consecutivas. Além disso, o período de frio não favorece esse controle. A cobertura vacinal apresentou um aumento, impulsionado pelas várias ações extramuros promovidas pela Secretaria, mas ainda está aquém dos 90% recomendados para os grupos prioritários. Para termos uma situação mais tranquila, precisaríamos estar com uma taxa próxima a 70%”, destacou a diretora.

