São Paulo, 4 (AE) - Enquanto o Índice do Custo de Vida (ICV) do município de São Paulo, apurado pelo Dieese, ficou em 0 80% em dezembro, a expectativa para janeiro é de aumento ainda maior nos preços. Tradicionalmente, explica Cornélia Nogueira Porto, coordenadora da pesquisa, o primeiro mês do ano registra as maiores altas dos preços. No ano passado, o ICV em janeiro ficou em 1,38%. Ela evita previsões numéricas, mas acredita que, neste janeiro, os preços devem absorver uma inflação anual da ordem de 10%, enquanto no mesmo período do ano passado, o ICV havia subido apenas 0,49%.
O Dieese espera, para este início do ano, maiores aumentos nas mensalidades das escolas particulares (entre 10% e 15%). Além disso, a expectativa é de aumento na passagem dos ônibus (que foram reajustadas pela última vez em janeiro de 1999 e não absorveram a desvalorização cambial). O Dieese também aposta em alta na alimentação fora de domicílio porque o reajuste de 1,37% no ano passado ficou bem abaixo da inflação.
Segundo a coordenadora do ICV, a inflação neste ano vai depender quase que exclusivamente da política econômica do governo, já que a expectativa para a taxa de câmbio não é de alterações profundas. Se a economia reaquecer, mesmo pouco, a tendência é de repasse de preços, já que muitos setores já estão no limite da capacidade de absorção na alta do preço em outros segmentos, como as tarifas públicas. O setor de vestuário está entre aqueles que devem aumentar os preços por conta de uma alta de preços reprimida no ano anterior. De qualquer forma, um aquecimento da economia pode significar mais empregos. Para Cornélia, é preferível alguma inflação com emprego do que a inflação menor com alto desemprego.