Os 37 leitos do Centro de Referência em Assistência a Queimados do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), em Cascavel (Oeste), permanecem fechados, sem equipamentos e funcionários. A obra teve início em 2014 e deveria ter sido concluída em 2016. Porém, mesmo com a finalização do espaço físico no ano passado, ainda faltam a compra de equipamentos para o setor estimada em R$ 8 milhões, a contratação de pessoal e as verbas de custeio para o início das atividades.

Funcionamento da ala de queimados é uma das prioridades da nova reitoria da Unioeste
Funcionamento da ala de queimados é uma das prioridades da nova reitoria da Unioeste | Foto: Beatriz Baron/Divulgação

A inauguração da Ala de Queimados na região Oeste poderia reduzir a demanda de pacientes do Paraná e de outros estados hoje encaminhada apenas para o Hospital Universitário de Londrina e o Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, em Curitiba.

Conforme o reitor da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Alexandre Almeida Webber, o total investido até o momento em Cascavel chega a R$ 12 milhões. O centro de referência possui área total de, aproximadamente, 2.700 metros quadrados e está dividido entre enfermaria, pediatria, consultórios, emergência, curativos e higienização, observação, centro cirúrgico e UTQ coletiva.

O funcionamento da ala de queimados é uma das prioridades da nova reitoria da Unioeste. No entanto, obras no pronto-socorro e na maternidade também preocupam. “Temos o pronto-socorro que falta praticamente 2% para concluir a obra. Temos o centro obstétrico que é um problema crônico do nosso hospital. Temos também um problema de custeio. Para você ter uma ideia, estou com o hospital em funcionamento, mas não tenho material para o mês”, explica Webber. O reitor assumiu mandato no início de janeiro e tomou posse em cerimônia realizada nesta quinta-feira (16).

As reformas nos dois setores tiveram início em 2014, mesmo ano em que a construção da ala de queimados começou. “O centro obstétrico do hospital é caótico. Qualquer pessoa que chegar lá vai entender o que eu falo. São 30 partos por dia. São quatro mães por quarto esperando para ganhar bebê. Não tem como abrir uma ala nova sem resolver tudo isso”, ressalta. A universidade estima que a conclusão das adequações na unidade materno infantil dependem da liberação de R$ 7 milhões.

No ano passado, o hospital ganhou mais 23 leitos. Porém, não houve aumento no repasse das verbas de custeio. “Não se abre mais nada dentro do hospital sem que todos os participantes do processo definam a responsabilidade de cada um. A Unioeste, por si só, não tem capacidade para abrir essa ala. Então depende do Estado, de contrapartida e de como fica o financiamento. Não temos funcionários para tocar o hospital hoje”, alerta o reitor.

No Hospital Universitário de Londrina há 16 leitos no CTQ (Centro de Tratamento de Queimados), sendo cinco de UTI. Durante o ano passado, 95 municípios do Paraná e de estados vizinhos encaminharam 183 pacientes para o setor. O chefe médico do CTQ, Reinaldo Kuwahara, reconhece que a ala é de alto custo. No entanto, o funcionamento do centro de referência em Cascavel poderia agilizar os atendimentos.

“Nós precisaríamos de mais dois ou três centros de queimados além desse. Faz falta para o Paraná. Na região de Curitiba deveria ter mais um centro de queimados. No Estado de São Paulo há mais de 14 centros especializados”, destaca. Profissionais do HU de Londrina foram até o Oeste do Estado verificar as novas instalações e repassar orientações sobre o funcionamento da ala. Equipes de Cascavel também estiveram no HU administrado pela UEL.

A assessoria do Hospital Evangélico em Curitiba informou que há 39 leitos pelo SUS para o tratamento de queimados, sendo 26 para adultos e 13 para crianças. O hospital, que também atende pacientes do Paraná e de outros estados, projeta a instalação de uma UTI para a especialidade próximo ao centro cirúrgico de queimados.

SEM PREVISÃO

Em relação aos repasses necessários para o início das atividades no centro de referência em Cascavel, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) informou que “a abertura desses novos leitos está no planejamento do Governo, porém depende de vários fatores (recursos humanos, recursos para custeio e treinamentos)”. A previsão para o funcionamento da ala deve ser divulgada até o final de abril.

Já a Seti (Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) afirmou que “o Governo do Estado está realizando os estudos necessários para a nomeação dos agentes universitários, aprovados em concurso público, nas universidades estaduais”.