AL é destino preferido entre emergentes para capital externo, diz FT
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domingo, 26 de março de 2000
Por João Caminoto
Londres, 27 (AE) - A América Latina está se tornando o destino preferido dos investidores em mercados emergentes, diz hoje a "Lex Column" do jornal britânico Financial Times. "As moedas locais estao se fortalecendo, os spreads das dívidas caíram e enquanto o índice IFC de mercados emergentes subiu apenas 1% neste ano, as ações na América Latina avançaram 8%. Desde a baixa de outubro passado, a região subiu 53%", diz o FT. Já o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) diz também em seu relatório anual que a América Latina está se recuperando rapidamente da recessão mas alerta que a região continua vulnerável aos potenciais aumentos de juros nos Estados Unidos ou a uma brusca mudança de atitude dos investidores interncionais. O BID prevê que a região vai atingir um crescimento econômico entre 3 e 4% neste ano, após uma expansão de apenas 0,3% em 1999. "A América Latina poderá atingir um crescimento de 4% neste ano", disse o presidente do BID, Enrique Iglesias.
Segundo o FT, ações de empresas do setor tecnológico e Internet são os grandes responsáveis pela boa performance dos investimentos na região. "Mas com uma diferença importante. Como a América Latina possui poucas empresas puras na Internet, os investidores estão comprando grandes companhias de telecomunicações e até bancos e empresas de varejo com unidades online. Como isso é responsável por boa parte da capitalização, as bolsas de valores no Brasil e México estão começando a se mover alinhadas ao Nasdaq", diz o FT.
Entre outros fatores positivos apontados em relação à região, constam os recentes upgrades das agências de classificação de risco e a decisão de Telefónica de comprar participações minoritárias de quatro empresas de telecomunicações da região. "Além disso, os aumentos nos preços do petróleo e commodities estão ajudando no crescimento econômico - o Salomon Brothers estima agora que o PIB regional vai crescer 3,8% neste ano". A exemplo do BID, o jornal britânico alerta que o aumento das taxas de juros nos EUA representa um risco para a região. Há também o risco de que o "supervalorizado" peso mexicano se enfraqueça com a aproximação das eleições. "Mas enquanto a economia norte-americana permanecer forte, a América Latina vai continuar aproveitando um vento de cauda".
BID - Segundo o BID, há muitos motivos para se ter otimismo em relaçao à América Latina pois a região mostrou ter capacidade de reagir rapidamente os choques externos e continua a fortalecer as suas estruturas políticas e macroeconômicas. Mas "condições externas continuarão a ser cruciais para a América latina, pois suas políticas fiscal, financeira e cambial ainda nao criaram uma linha de defesa contra os choques de origem externa", diz o BID. Segundo a instituição, a desigualdade social "é realmente uma enorme barreira para o avanço da região.