A falsa sensação de que o vírus Sars-CoV-2 deixou de circular em Londrina leva muitas pessoas, especialmente jovens, a abusarem da "liberdade" concedida pelas autoridades estaduais de saúde por meio do relaxamento de medidas restritivas. Desde que o setor de bares e casas noturnas ganhou três horas a mais de funcionamento, há três semanas, alguns pontos voltaram a registrar cenas que não condizem com as recomendações necessárias para conter a pandemia. Menos ainda com os dados apresentados nos boletins epidemiológicos.

Londrina registrou 601 novos casos da doença somente entre sexta-feira (14) e sábado (15). No domingo (16), foram outros 171, o que fez a cidade alcançar quase 54 mil confirmações. Mais de 1.300 pacientes morreram em decorrência da doença. Nesta segunda (17), o governo estadual aumentou o rigor e publicou decreto que determina a restrição de circulação de pessoas e de venda de bebida alcoólica em espaços de uso público ou coletivo das 22 horas até as 5 horas do dia seguinte.

Imagem ilustrativa da imagem Aglomerações no centro mobilizam Guarda Municipal
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

Na noite de sexta-feira (14), agentes da GM (Guarda Municipal) e servidores da Secretaria Municipal de Fazenda fizeram uma fiscalização em um dos pontos de lazer noturno mais procurados pelos londrinenses, a rua Paranaguá. Os bares têm autorização para operar com 50% da capacidade. Mesmo assim, é comum que grupos acabem se formando nas calçadas, o que ocorre, também, em razão da proximidade entre alguns estabelecimentos. Muitas pessoas não usam máscaras em razão, também, de estarem consumindo bebidas alcoólicas e cigarros.

Conforme lembrou o secretário municipal de Defesa Social, Pedro Ramos, a Guarda Municipal é responsável por dar apoio às autoridades estaduais e aos servidores do município durante as fiscalizações. Na ação, foram averiguados documentos, como o alvará de funcionamento, e aspectos como o distanciamento das mesas e o número de pessoas nos estabelecimentos comerciais.

“Destacamos que a rua Paranaguá recebe uma atenção diferenciada por conta dos bares, mas existe uma autorização [com limitações]. É importante lembrar que a legislação que tem permitido a fiscalização hoje é a estadual, onde a GM figura como órgão de apoio das forças de segurança do Estado”, lembrou.

Na ocasião, quatro estabelecimentos foram notificados por estarem em desacordo com as normas e uma distribuidora de bebidas recebeu um auto de infração por ter desrespeitado o horário de fechamento.

Na mesma noite, equipes da GM tiveram que se deslocar ao Anfiteatro de Zerão, outro tradicional ponto de encontro ao ar livre e que constantemente é alvo de denúncias de moradores. Cerca de 80 pessoas foram dispersadas. Um homem foi preso por dirigir sob o efeito de álcool.

Outro caso foi registrado no domingo, no Conjunto Cafezal, na zona sul, depois que moradores denunciaram a realização de uma partida de futebol, o que está proibido conforme decreto municipal.

Embora não tenha divulgado o número exato, o secretário Pedro Ramos disse que algumas pessoas foram autuadas por estarem sem máscara em locais como a barragem e o aterro do Lago Igapó. “Essa forma dicotômica de gerenciar, com normas estaduais e normas municipais, de certa forma gera uma aparente confusão. Mas não podemos nos abater. Estamos fiscalizando assim como fizemos desde o início da pandemia”, avaliou.

A instituição também acabou atendendo ocorrências relacionadas ao furto e roubo de veículos, embriaguez ao volante e à violência doméstica. Neste caso, foram pelo menos quatro ao longo do fim de semana.