O advogado Moacir Ferrari, que representa a família de Daiane de Jesus Oliveira, 28, afirmou à FOLHA que a assistência de acusação entende a morte da jovem como um caso de homicídio. A mulher foi agredida por seguranças de uma casa noturna de Cascavel (Oeste) no último domingo (28), deixada caída sobre a rua Paraná e morreu após ser atropelada por um veículo, que não prestou socorro. A situação foi flagrada por câmeras de segurança.

De acordo com Ferrari, já foram ouvidas várias testemunhas - incluindo as cinco pessoas que aparecem no final do vídeo e tentam alertar o motorista. Um dos seguranças ainda vai prestar depoimento, assim como o condutor do veículo, que deve ser ouvido “entre hoje [31] e amanhã [1° de junho]”, segundo o advogado.

“As investigações estão bem adiantadas. O inquérito policial não vai demorar muito para se findar”, explica o advogado, pontuando que o trabalho está sendo conduzido pela Delegacia de Homicídios.

Para Ferrari, ainda deverão ser colhidos novos elementos e a tipificação do caso “é decisão final do Ministério Público”, após o inquérito policial. “Embora a assistência de acusação, o defensor da família, entende sim que é um caso de homicídio”, destacando que a situação do motorista “ainda vai ter que ser analisada depois de ser ouvido”.

“O motorista, quando cometeu esse ato de atropelar e matar, alguém tinha colocado a Daiane em risco, um risco muito grande, porque é uma avenida movimentada. Os seguranças deixaram ela no meio da rua. O atropelamento foi a consequência que os seguranças provocaram”, ressalta. “Nós temos que ter um certo cuidado em relação ao motorista, mas depois de ouvir ele vai ser feito o cálculo da velocidade e toda essa situação.”

SINDICATO

O Sindesp-PR (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná) divulgou nota lamentando a morte da jovem após as agressões e o atropelamento. A entidade afirma que “as pessoas que estavam prestando serviço não são ligadas a empresa filiada ao sindicato e, ao que tudo indica, tampouco tem autorização da Polícia Federal para atuar no ramo da segurança privada”.

“O sindicato reitera a importância da contratação correta de empresas devidamente autorizadas pela Polícia Federal para atuar no setor. Tal medida é fundamental para realmente garantir a segurança. A opção por empresas clandestinas pode gerar efeitos opostos aos que se pretende”, acrescenta.

Segundo o sindicato, vigilantes de empresas regulares recebem capacitação e treinamento para agir em momento de crise ou perigo, e “os empresários do setor têm consciência da responsabilidade de se trabalhar cuidando da vida e do patrimônio de terceiros”.

EMPRESA

Em uma nota encaminhada à imprensa ainda no domingo, a casa noturna informou que “os seguranças envolvidos na situação foram imediatamente afastados de suas funções, enquanto aguardamos os desdobramentos das investigações”. Também ressaltou que “a atitude desses seguranças não reflete os valores e padrões éticos estabelecidos pela Moonlight”.

“Repudiamos qualquer forma de violência e garantimos que serão tomadas as medidas necessárias para evitar que situações semelhantes ocorram novamente em nosso estabelecimento”, continua o texto. “Além disso, queremos enfatizar que estamos igualmente preocupados com o bem-estar dos familiares da vítima. Estamos disponíveis para prestar todo o suporte necessário nesse momento difícil, oferecendo apoio emocional e auxílio prático para amenizar o impacto dessa trágica ocorrência.”