Londrina - Antigamente, uma das maiores preocupações de quem passava dos 20 anos era casar e constituir família. Hoje, grande parte dos adultos jovens opta por continuar morando com os pais. A mudança é sinal de um fenômeno cada vez mais comum: o prolongamento da adolescência.
''O filho adulto fica mais tempo morando com os pais na condição de adolescente. Por mais que sejam adultos, ainda estão no ritmo da não responsabilidade'', explicou a psicóloga comportamental Daniele Fioravante.
Ela explica que o envolvimento com a criminalidade, o uso de drogas e a iniciação sexual precoce são comportamentos de risco característicos da adolescência. E grande parte dos adultos que continuam morandos com os pais reproduzem esse tipo de ações. ''Eles acreditam que nada ruim vai acontecer e que estão acima de qualquer lei ou limite'', afirmou.
Outro fator que contribui, de acordo com a psicóloga, é o tempo escasso que os pais têm para passar com os filhos. Por isso, algumas famílias mais abastadas tentam compensar a ausência com ''coisas materiais'' e ''excesso de liberdade''. ''As crianças que são acostumadas a terem e poderem fazer tudo não sabem lidar com a frustração de não terem algo que querem. Conforme vão crescendo as necessidades vão aumentando e a sensação de frustração também''. alertou.
Também é importante que os pais estejam atentos às companhias com que os filhos andam. Nesta fase, explica Daniele, é comum a atração ''pelo proibido, pelo desafio e pela adrenalina.'' Essa caraterística, aliada à impunidade, pode representar uma combinação de alto risco. ''Alguns adolescentes ou adultos se envolvem com drogas ou com o crime para provar que podem. Acreditam que estão acima da lei. Infelizmente algumas pessoas de classe mais alta ainda pensam que não serão punidas pelos seus erros. É uma questão que envolve cultura, família e amigos.''
De acordo com a psicóloga comportamental Daniele Fioravante, a melhor forma de prevenir comportamentos de risco é monitorar e conhecer o grupo de amigos dos filhos e manter contato com os pais desses jovens. ''É interessante falar com os filhos sobre consumismo, sobre o orçamento da família e o que pode e o que não pode ser comprado'', ensinou.