O conselho de sentença da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba condenou, nesta quarta-feira (12), o assassino de Rachel Genofre, Carlos Eduardo dos Santos, a 50 anos de prisão em regime fechado por homicídio duplamente qualificado, por meio cruel e por ter tentado encobrir outro crime, o atentado violento ao pudor, pelo qual também foi condenado. Ele também foi enquadrado por ter cometido o crime contra uma menor de 14 anos. Santos também havia confessado a ocultação de cadáver, mas esse crime prescreveu.

Imagem ilustrativa da imagem Acusado de matar Rachel Genofre é condenado a 50 anos de prisão
| Foto: Theo Marques/Arquivo FOLHA

O corpo da criança, de 9 anos, foi encontrado dentro de uma mala de viagem, na Rodoferroviária de Curitiba em 2008. Santos prestou depoimento por videoconferência, já que está preso por outros crimes em Sorocaba (SP) e há apenas um ano foi declarada a prisão preventiva dele pelo caso Rachel Genofre. O julgamento durou aproximadamente dez horas e a decisão saiu no final da noite de quarta.

O caso ficou sem solução por quase 11 anos, até que, em setembro de 2019, o material genético de Santos foi colhido da prisão e inserido num software que fez o cruzamento de dados entre os bancos de DNA de São Paulo e do Paraná. O DNA conferiu com o material encontrado no corpo da menina. Na ocasião, ele confessou o crime, segundo a polícia.

Cerca de cem exames de confronto de DNA já tinham sido realizados no caso Rachel, todos com resultado negativo. Ao longo dos anos, as investigações apontaram outros suspeitos, que chegaram a ser presos, mas foram liberados por falta de compatibilidade do material genético.

Segundo o advogado de defesa Roberto Neves, Santos negou "a autoria do crime de homicídio, mas foi réu confesso do crime de de atentado violento ao pudor". Ele avalia um eventual recurso com relação a aplicação da pena. "Com relação ao mérito da condenação, tendo em vista a soberania dos sete jurados no tribunal do júri, não tem o que se questionar", declarou.

Neves afirmou que a prova técnica utilizada, o DNA, é "muito difícil de ser questionada". "Tanto a prova técnica que seria o laudo de confronto do material genético, quanto a confissão do acusado. Na primeira vez que ele foi interrogado ele confessou na íntegra os crimes, tanto de atentado violento ao pudor como de homicídio. (...) Foi uma combinação de fatores e acabou levando à condenação na íntegra", destacou

O assistente da promotoria Daniel da Costa Gaspar ressaltou que o julgamento foi "bastante tranquilo". "A defesa fez a parte dela. O promotor Lucas Cavini desempenhou um excelente trabalho nas últimas semanas para afinar o processo. Nós conversamos muito para afinar o discurso para ter o êxito que a sociedade espera", declarou. "Conseguimos encerrar um luto de 13 anos e delimitamos um marco sobre a violência contra as mulheres e contra as crianças neste Estado. Há de se registrar ainda que este caso só foi resolvido por conta de uma prova técnica importante que foi a identificação do DNA."

Cavini afirmou que o julgamento envolveu "muito estudo e muito sofrimento por parte da família da vítima". "Acabou tendo o resultado esperado, com a condenação de pena elevada condizente com os atos que cometeu em 2008", destacou.

O promotor ressaltou que o maior desafio foi descobrir o autor do crime. "Com o cruzamento de dados, quando não se acreditava atingir a autoria, descobrimos quem praticou esse crime. Depois de encontrar o DNA fica praticamente impossível negar que não tenha estado na cena do crime", explicou.

"Após a leitura da sentença, o réu já manifestou a intenção de recorrer em relação à dosimetria da pena e não para que tenha novo júri. Vamos ser intimados a apresentar contra razões a esse recurso de apelação e vamos sustentar a manutenção da sentença, porque foi feita dentro dos parâmetros legais e de justiça diante de todas as circunstâncias envolvendo estes fatos criminosos", concluiu.

RELEMBRE O CASO

O corpo de Rachel foi encontrado dentro de uma mala de viagem, na Rodoferroviária de Curitiba, dois dias após seu desaparecimento. O crime aconteceu no dia 3 de novembro de 2008, logo após a jovem sair da escola. O corpo tinha sinais de violência sexual e estrangulamento. De acordo com a acusação, o réu abordou a menina na saída da escola fingindo ser produtor de um programa infantil de televisão e a convenceu a acompanhá-lo até o local em que estava hospedado.

Além do DNA, outras provas apontavam Santos como autor do crime. Na época, ele morava no centro de Curitiba, próximo à escola em que Rachel estudava. Foi no trajeto de 200 metros entre o colégio e o ponto de ônibus que a menina sumiu, em 3 de novembro de 2008. (Com Folhapress)

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