A Justiça agendou para o dia 27 de outubro o julgamento no Tribunal do Júri do ex-guarda municipal Fernando Neves, acusado de ser o responsável pela morte do jovem Matheus Evangelista,18, em março de 2018, em abordagem na zona norte de Londrina. Neves está preso há mais de dois anos e é apontado como o autor do disparo que atingiu o jovem no pescoço, conforme resultado da balística em sua arma. Porém, o fato é rechaçado por sua defesa.

Imagem ilustrativa da imagem Acusado da morte de Matheus Evangelista tem data do julgamento marcada
| Foto: Saulo Ohara-4/02/2015

Conforme apurou a FOLHA, a realização do julgamento é do interesse tanto da defesa de Fernando Neves quanto do advogado que representa a família de Matheus Evangelista. Entretanto, a reportagem não conseguiu apurar com a diretoria do Fórum Criminal se as adequações mínimas na sala, como a abertura de janelas, estão em andamento e ficarão prontas a tempo. Estas mudanças visam reduzir o risco de transmissão da Covid-19 e também já haviam sido exigidas pelo juiz titular da 1ª Vara Criminal, Paulo César Roldão.

As audiências presenciais vêm sendo retomadas gradativamente desde 16 de setembro de modo que o Poder Judiciário está operando na modalidade semipresencial. Conforme determinam os Decretos Judiciários 400 e 401/2020, devem ser priorizadas as audiências cujos réus estão presos, caso de Fernando Neves.

Para o advogado Mário Barbosa, defesa da família do jovem Matheus Evangelista, existem elementos suficientes que comprovam que a atuação do guarda municipal resultou na morte do jovem. "A nossa torcida é para que o júri ocorra e que após o cortejo de todos os elementos probatórios contidos no processo, os jurados sopesem e, no final da sessão, votem para que o guarda municipal seja condenado nos termos pedidos", afirmou.

Embora a juíza Cláudia Andrea Betolla Alves, da 1ª da Vara Criminal de Londrina, tenha considerado que Evangelista foi atingido por um projétil disparado pela arma de Fernando Neves em decisão proferida em outubro de 2019, o advogado Marcelo Camargo, defesa do ex-GM, reafirmou à FOLHA que não tem a menor dúvida de que o tiro fatal não saiu da arma de seu cliente. "Até porque não existe prova de que ele fez nenhum disparo no local do crime. Estamos esperançosos e com a certeza da absolvição dele perante o Tribunal do Júri", avaliou.

Após ter sido baleado no pescoço, Evangelista foi levado para o HU (Hospital Universitário) de Londrina na viatura da Guarda Municipal. Entretanto, não resistiu. Parceiro de Neves na abordagem, o guarda municipal Michael Garcia também foi réu no processo até março deste ano, quando fechou um acordo de não persecução penal com o Ministério Público.

O acordo encerrou a acusação contra Garcia e o considerou responsável apenas por um disparo para o alto, assim como já havia relatado a juíza Cláudia Andrea Betolla Alves em sua sentença.

REVIRAVOLTA

O júri popular que, em princípio, deverá colocar um ponto final em um dos casos mais emblemáticos envolvendo agentes de segurança em Londrina, será precedido de outro julgamento, o de um recurso no TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) contra o fechamento do acordo entre Garcia e o MPPR. "Rechaçamos a legalidade do mesmo", defendeu o advogado Mário Barbosa.

Segundo ele, este recurso será julgado no dia 15 de outubro, podendo causar uma reviravolta no caso. "Se for anulado pode o Michael ir para a sessão do júri junto com Neves", ressaltou.

Procurado, o advogado de Michael Garcia, Eduardo Miléo, disse estar confiante na decisão do TJPR e na legalidade do acordo. "Estamos aguardando com muita tranquilidade a decisão do Tribunal de Justiça, pois existe um parecer favorável da Procuradoria do MP para a manutenção do acordo de não persecução penal", afirmou.