Paris, 05 (AE) - Lily Safra, a viúva do banqueiro Edmond Safra
cuja morte ainda apresenta aspectos obscuros, voltou a depor em Mônaco na terça-feira (04). Ela chegou ao Palácio da Justiça do principado acompanhada de seguranças e dois advogados.
Lily está disposta a contribuir com as autoridades para que se estabeleça toda verdade sobre as circunstâncias da morte de seu marido e da enfermeira Vivianne Torrente, ambos intoxicados pela fumaça em incêndio provocado pelo enfermeiro do banqueiro, Ted Maher.
Uma das advogadas que acompanhava Lily Safra ao Palácio de Justiça, a senhora Kiejman, não exclui a hipótese de o enfermeiro Ted Maher ter sido manipulado, mesmo não existindo nenhum dado concreto que possa justificar tal afirmação.
No novo depoimento prestado diante da juíza Patricia Richet, responsável pela instrução do processo, Lily Safra corrigiu algumas imprecisões sobre fatos amplamente divulgados pela imprensa, mas a partir de informações prestadas por autoridades policiais e judiciárias monegascas.
Sistema de segurança - Ela disse, por exemplo, que em nenhum momento suplicou a Edmond Safra para deixar o banheiro do apartamento, onde havia se refugiado, mesmo porque nem ela nem seu marido tinham certeza da situação naquele exato momento.
Ela disse ter utilizado o telefone celular apenas para informar seu marido que a polícia já se encontrava no local, no momento em que o incêndio começava a se desenvolver no interior do apartamento.
A viúva de Safra desmentiu também que seu marido fosse um homem obcecado por segurança, lembrando que seu dispositivo de proteção era semelhante ao de outros homens de negócios e banqueiros de seu nível.
Safra era um homem perfeitamente lúcido e sua longa permanência num dos banheiros do apartamento pode ter sido determinada, segundo a advogada Kiejman, pela deterioração do sistema de segurança.
Alguns cabos elétricos teriam fundido com o incêndio. Por isso
o laudo técnico definitivo é aguardado com ansiedade pelos advogados dos dois lados.
Durante todo seu depoimento, Lily Safra tentou retificar a imagem de seu marido, dizendo que ele não se sentia ameaçado por ninguém, ao contrário do que foi dito quando de sua morte.
Ela falou também sobre as condições da contratação do enfermeiro Ted Maher, alegando que foram normais e clássicas, após verificação de suas qualidades profissionais. Admitiu, entretanto, que, do grupo de enfermeiros, Ted Maher era o menos próximo a Edmond Safra.
Risco de suicídio - Já os advogados de Ted Maher insistem na tese do acidente, afirmando que ele jamais pretendeu por fogo no apartamento, mas apenas chamar atenção sobre si próprio, após ter provocado ferimentos no abdome com uma faca. Os advogados das duas partes aguardam o laudo definitivo sobre os sistemas de segurança do imóvel para preparar a atuação na Justiça.
Na prisão, em Mônaco, Ted Maher encontra-se muito deprimido, arrependido do gesto que causou a morte de seu patrão, homem que admirava muito, segundo declarou. Por isso, seus advogados admitem a existência de risco de suicídio.