Ações solidárias celebram a Páscoa nas comunidades carentes

Desemprego, fome, violência. Problemas recorrentes que a todo tempo afligem as camadas mais vulneráveis da população se acentuaram com a pandemia do novo coronavírus. Nas periferias das grandes cidades, a miséria cresce a olhos vistos e com ela, aumentam também as carências. O alívio para tantas necessidades surge de grupos ligados a instituições religiosas, movimentos populares e coletivos, que têm se mobilizado para arrecadar doações e levar alento onde quase já não há mais esperança.

Na Páscoa, diversas ações foram programadas para acontecer em Londrina. Nesta Sexta-Feira Santa (2), o CJV (Centro Juvenil Vocacional) Josefino-Marelliano, em parceria com o coletivo Conexões Londrina, transformou o ato de solidariedade em um momento de reflexão carregado de simbolismos que remetem à doutrina cristã. Moradores do Morro do Macaco (zona norte) e do jardim Barcelona e rua Pantanal (zona oeste) receberam doações de pães e peixes. “Queremos trazer uma reflexão cristã acerca do amor ao próximo e o objetivo é partilhar pães e peixes nessa data que celebra o mistério da vida cristã dentro desse olhar cristão da entrega e do amor”, disse o diretor do CJV e organizador da ação, Ismael Giachini Frare.

A comunhão dos alimentos, destacou Frare, é uma forma de estar em sintonia com os mais necessitados e que muito além da fome, sentem o peso do descaso econômico, social e político a que foram relegados. “A gente fez uma arrecadação com pessoas que doaram a produção de peixes e pães e houve também doações financeiras.”

Cestas básicas

Na vila Feliz (zona sul), as doações vieram em forma de cesta básica. A intenção inicial era arrecadar caixas de chocolates para as crianças da comunidade, mas uma indústria local se comoveu com a ação e providenciou 80 cestas básicas que deverão ajudar a amenizar a fome das famílias, recheadas cada uma delas com um ovo de Páscoa que deve fazer a alegria das crianças. A entrega será feita neste sábado (3), às 8h30.

A comunidade conta com 64 famílias e o excedente será distribuído às oito famílias que vivem na ocupação Recanto da Conquista e algumas pessoas do jardim Franciscato. “Desde quando começou a pandemia a gente faz a doação. Faz seis anos que moro aqui (Vila Feliz), mas vejo que agora ficou mais difícil. Muita gente perdeu o emprego, tem muitas crianças”, comentou a líder comunitária Taiane Martins de Oliveira, que também integra o MAP (Movimento Autônomo Popular), que coordena a ação.

Justiça social

A Cufa (Central Única das Favelas), em parceria com a ONG Associação Londrinense de Circo, arrecadou 200 kits de alimentação que serão divididos igualitariamente entre os moradores de duas comunidades, uma na zona norte e outra, na zona sul. A distribuição acontece neste sábado, a partir das 9 horas.

Coordenadora da Cufa e fundadora do Conexões Londrina, Lua Gomes ressalta que nenhum dos dois movimentos em que atua tem caráter assistencialista e entende que a doação pontual de alimentos é uma medida apenas paliativa, mas a segurança alimentar surge no topo da escala de necessidades e aplacar a fome da população vulnerável é fundamental para garantir a continuidade da luta por justiça social. "A gente está fazendo uma campanha intermitente de arrecadação desde o início do ano passado. A mobilização social como um todo se reforça quando a gente vê que as políticas públicas não conseguem abarcar todas as necessidades decorrentes da a crise sanitária. A situação de econômica e de saúde está deixando a desejar por quem deveria regular isso. As famílias mais pobres estão tendo menos de duas refeições por dia."

Doações

Gomes faz um apelo para que a sociedade continue doando alimentos, mas que também doe produtos de higiene e limpeza, sempre esquecidos, porém muito necessários, especialmente neste momento de pandemia. Quem quiser colaborar, pode entrar em contato com a coordenadora da Cufa, pelo WhatsApp (43) 99115-3182, ou pela conta do Instagram @conexoeslondrina. Pontos de doação permanentes, que funcionam de segunda a sexta-feira, também foram instalados nas duas escolas da Funcart e no Teatro Ouro Verde. Aos sábados, a partir do dia 10, as doações também poderão ser feitas na praça da Copel, na rua Chile.

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