Salvador, 03 (AE) - O presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), rejeita qualquer manobra que vise a tirar da pauta da convocação extraordinária do Congresso a votação da emenda que limita o uso das medidas provisórias (MPs). "Não se pode excluir a questão da limitação das MPs, pois isso já foi acertado entre mim e o presidente (Michel) Temer (da Câmara dos Deputados): se não votarmos seria ludibriar o povo", disse hoje, durante solenidade no Parque da Cidade, em Salvador.
Ele está inflexível quanto a um acordo sobre o assunto com o governo federal. "O povo acha que as MPs devem ser limitadas, pois entende que cabe ao Legislativo legislar e ao Executivo executar", declarou, estranhando a posição do secretário-geral da Presidência, Aloysio Ferreira Nunes, que luta pela derrubada da emenda. "Ele hoje está numa posição diferente, mas, na Câmara (como deputado), participou do projeto ativamente", lembrou.
Magalhães disse esperar que, este ano, com as perspectivas positivas da economia, o governo "realize um trabalho mais intenso na área social, sobretudo dando poder aquisitivo à população". Num tom de candidato à Presidência da República, pregou o aumento do salário mínimo, cujo valor atual, para o senador, é "aviltante". Sobre o argumento dos técnicos do governo que um aumento significativo no mínimo poderia liquidar de vez a Previdência, ACM disse que, ou se encontra um caminho para equacionar a questão do sistema previdenciário ou se deve aumentar o salário de todos. "O que não se pode é continuar vivendo com esse salário", reforçou.
Pela primeira vez, ACM concordou em comentar as declarações do ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueredo (publicadas após a morte dele) que o chamou, entre outras coisas
de "bajulador e mau caráter". Para Magalhães, as declarações foram de um homem doente. "Eu respeito até porque de há muito ele estava esclerosado e as pessoas que exploraram as declarações deveriam sentir remorso."
Segundo ACM, muitos dos episódios comentados por Figueredo não teriam ocorrido. Ele citou a suposta discussão de Figueiredo com o general Ernesto Geisel. Nessa conversa, diante da pressão de Geisel para que o governo apurasse com rigor o caso do Riocentro, Figueiredo teria retrucado que não inventaria um culpado como o colega criou o general ávila de Mello (responsabilizado pela morte do operário Carlos Fiel Filho). "Ele (Figueiredo) não ousaria nunca dizer isso para o Geisel", garantiu ACM.