Conforme a lentidão da Justiça colabora para reduzir as esperanças depositadas por inúmeros brasileiros em um resultado considerado justo em determinadas ações judiciais, movimentos formados por ativistas, familiares e amigos de pessoas assassinadas buscam meios alternativos para aplacar a sensação de que os apontados como responsáveis não serão punidos. Em Londrina, esse sentimento deverá ser abordado em uma live promovida por amigos e familiares do jovem Matheus Evangelista, morto em uma abordagem da Guarda Municipal em 2018. O evento terá início às 19h, no canal do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, e antecede o julgamento do principal acusado, o ex-guarda municipal Fernando Ferreira das Neves.

Imagem ilustrativa da imagem A uma semana do júri de ex-GM, familiares de Matheus Evangelista pedem justiça
| Foto: Saulo Ohara-21/1/2019

Irmã de Matheus, Jennifer Evangelista lembrou que a família vem sofrendo com a demora na realização do julgamento, adiado ao menos três vezes também em razão da pandemia da Covid-19. “Toda vez que há uma data marcada, cria-se uma expectativa, uma esperança, e quando somos informados que foi desmarcado vem a indignação. Chega de demora! São três anos sem Matheus, três anos sem justiça, três anos sem respostas”, lamentou.

O evento online contará com a mediação de Nicoly Jacinto, amiga de Matheus Evangelista, além da presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Fiama Heloísa, e da advogada criminalista, Larissa Ferraz.

O réu Fernando Neves responde em liberdade às acusações de homicídio qualificado e fraude processual desde outubro do ano passado. Ele é acusado de ter disparado o tiro que atingiu Evangelista no pescoço, em uma abordagem por perturbação de sossego, no bairro Jerônimo Nogueira (zona norte de Londrina).

Questionada, a defesa de Neves disse à reportagem que é parte interessada na realização do julgamento, e que está pronta para comprovar a inocência do réu demonstrando que o disparo "não foi proveniente da arma utilizada por ele", afirmou o advogado Alfeu Brassaroto Júnior.

Atuando ao lado do advogado André Salvador neste caso, Brassaroto Júnior avaliou que as atuais condições estruturais das dependências do Tribunal do Júri não deverão tornar a impedir a realização do julgamento. A falta de condições ideias, em paralelo ao avanço da pandemia da Covid-19 na cidade, foram os motivos do último adiamento, apontou o juiz Paulo César Roldão em decisão de março deste ano.

"Esperamos que o acesso ao Fórum seja extremamente limitado e vai ser transmitido via Youtube, inclusive, para dar o efeito que a lei diz, que é o da publicidade ao julgamento. Acreditamos que o digníssimo dr. Roldão, juiz titular da 1ª Vara de Londrina, já tomou todas as medidas cabíveis para que não se postergue mais a entrega da prestação jurisdicional", disse o advogado Mário Barbosa, defesa da família de Matheus Evangelista e que atua ao lado do Ministério Público no caso.

(Atualizado às 16h40 de 27/07/2021)

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