O prefeito Marcelo Belinati anunciou neste domingo (6), em transmissão ao vivo pelas redes sociais, que as nove unidades básicas de saúde para pacientes com síndrome respiratória começam a atender exclusivamente estes casos a partir desta segunda-feira (7). Os postos de saúde irão auxiliar o trabalho feito na UPA Sabará, que está superlotada. Em razão dessa mudança, os usuários que necessitarem de atendimento médico para outras situações, como aferimento de pressão arterial e controle de diabetes, terão que procurar outras unidades.

Imagem ilustrativa da imagem A partir desta segunda (7), nove postos começam a atender somente casos de Covid
| Foto: Gustavo Carneiro

Os postos de saúde que irão atender apenas casos de Covid-19 são: Milton Gavetti, Chefe Newton e Maria Cecília, na zona norte; Ernani Moura Lima e Vila Ricardo, na zona leste; Vila Casoni e Guanabara, na região central; San Izidro, na zona sul e Bandeirantes, na zona oeste. O horário de atendimento nesses locais será das 7 às 19 horas. As informações estão disponíveis no site da prefeitura (www.londrina.pr.gov.br).

A medida se faz necessária, segundo Belinati, em razão de o município estar “vivendo, de longe, o pior momento da pandemia”. Na manhã de domingo, disse o prefeito, acompanhado do secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, a UPA Sabará contabilizava 55 pacientes à espera de um leito de hospital. O prefeito destacou que os nove postos estão aptos para oferecer o mesmo atendimento ofertado na UPA da zona oeste. “Não procure a UPA. Primeiro, vá à UBS. Tudo o que tem nos postos, tem na UPA”, orientou. “Vamos tirar da UPA Sabará os casos leves. O fluxo da UPA tem se tornado semelhante ao de um hospital”, acrescentou o secretário.

Durante a transmissão, o prefeito descreveu um cenário assustador em Londrina, respaldado por dados epidemiológicos da própria Secretaria de Saúde. Belinati reconheceu que a nova cepa do coronavírus em circulação tem causado casos mais graves da doença, tem contaminado pessoas mais jovens, muitas delas sem comorbidades e que passam mais tempo internadas.

Neste domingo, a macrorregião norte, em Londrina, tinha 145 pacientes à espera de um leito. Além da escassez de leitos nos hospitais e da incapacidade de ampliar as vagas de internamento em razão da falta de profissionais para atendimento aos pacientes, a taxa de positividade da Covid-19 está acima de 40%, ou seja, de cada dez testes realizados, mais de quatro confirmam a suspeita. Nos seis primeiros dias de junho, foram registrados na cidade 2.169 casos positivos. O R0, índice de transmissão, subiu de 1,11 para 1,14, apontando para uma aceleração da pandemia. Cada pessoa contaminada transmite a doença para 1,14 pessoas. “Os casos, hoje, são muito mais graves. É um vírus novo, matando gente de 20, 30, 40 anos, e sem problemas de saúde.”

O boletim divulgado neste domingo pela Secretaria de Saúde revela 204 novos casos da doença, somando 59.820 pacientes contaminados desde o início da pandemia, em março de 2020. Não foram registrados óbitos e o número total segue em 1.511.

Os postos de saúde irão auxiliar o trabalho feito na UPA Sabará
Os postos de saúde irão auxiliar o trabalho feito na UPA Sabará | Foto: Gustavo Carneiro

Na semana passada, Belinati havia anunciado a abertura de 40 novas vagas de retaguarda, sendo 30 no Hospital da Zona Norte e dez no Hospital da Zona Sul, e reforçou que o município não tem condições de ampliar o número de vagas nos demais hospitais da cidade. O município encaminhou um ofício à AML (Associação Médica de Londrina) com um “pedido de socorro para que consigam mais médicos para a gente”. “Faremos um apelo aos médicos da cidade. Deixamos na UPA de sete a dez médicos de plantão e não estão dando conta. Os profissionais estão com jornadas de trabalho exaustivas. Passamos o dia inteiro procurando médicos, técnicos de enfermagem. Tem médico que fica dois, três dias sem sair do hospital”, disse o prefeito.

Apesar do conjunto de fatores que tornam a pandemia no município ainda mais preocupante, o prefeito voltou a responsabilizar as festas e confraternizações pelo aumento do número de casos e fez um apelo para que a população use máscara e respeito as normas sanitárias. Sem mencionar a possibilidade de adoção de medidas mais rígidas de restrição às atividades econômicas, reduzindo a circulação de pessoas nas ruas e no transporte público, Belinati optou pela tática de sensibilizar a população detalhando o procedimento de intubação dos pacientes e salientando que os mortos por Covid-19 são sepultados em um saco plástico para evitar a contaminação, o que impede a realização de velório. “A gente pede para que as pessoas procurem se cuidar.”