À espera de Moisés
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
Para os católicos, o Natal relembra o dia em que nasceu Jesus. A Bíblia conta que Maria e José tiveram que caminhar por longos dias e procurar diversas hospedarias até encontrarem um estábulo, em Belém, onde o Cristo nasceu tempo depois. No caso de Nanci Napolitana Gonçalves, 41, e Sérgio dos Santos, 45, o tempo para chegar até a proximidade da vinda do primeiro filho durou 12 anos.
Casados desde 2003, decidiram ser pais três anos após a oficialização da união, mas não conseguiam e também não descobriam o problema. Em 2012, Gonçalves ficou grávida pela primeira vez, porém perdeu o bebê com poucas semanas de gestação. "Posteriormente começamos a pensar em adoção. Em 2014 entramos com os documentos para fazer parte da lista de espera e quando foram validados fiquei grávida pela segunda vez. Escutei o coração do bebê e tudo, mas com oito semanas perdi."
Quase um ano depois, a mulher, que é professora, mais uma vez ficou grávida. Entretanto, assim como nas outras vezes, sofreu um aborto espontâneo. "Procurei fazer um exame específico para tentar desvendar o porquê disso. Descobrimos que temos excesso de compatibilidade. Então, toda a vez que eu engravidasse, iria perder o bebê ou gerar uma criança especial", afirma. Mesmo com a possibilidade de inseminação artificial, o casal resolveu seguir com o desejo de adotar.
O propósito de poder acolher uma criança por meio da adoção se fez tão presente na vida de ambos, que começaram a participar de um grupo de pais que estão na fila de espera. No início de 2017, tiveram duas oportunidades de conquistar os filhos, que se dispuseram adotar até duas crianças, mas não deram certo. "No começo de maio resolvemos fazer alteração do perfil, continuando com a opção de dois irmãos, mas aumentamos a idade de zero a cinco anos para até oito. No mesmo dia que a juíza autorizou a psicóloga conversar conosco, descobri que estava grávida", resume.
Segundo o casal, a boa notícia logo se transformou em apreensão. "Choramos muito e tínhamos certeza que iríamos perder. Não contamos para ninguém", relatam. Diferente das outras tentativas, Nanci Napolitana Gonçalves chegou a 13 semanas de gestação, o que lhe deu confiança que conseguiria realizar o sonho de ser mãe. "Quando ele falou que a criança era perfeita tive a certeza que era um milagre de Deus. Porque gerar eu podia, mas não um filho perfeito", acrescentam.
Participante ativa de movimentos na igreja católica junto com o esposo, Gonçalves acredita que a fé foi um grande auxílio durante o tempo que buscou ter um filho. Durante a gestação, ela ainda teve uma apendicite, que não interferiu na gravidez. O nome escolhido para o primogênito é de um dos profetas descritos na bíblia. "Moisés era um filho adotivo e esse universo de adoção é muito forte em nós. Esse filho é um presente de Deus e virá para coroar nosso casamento", destaca.
Além de encher a vida dela e do marido com mais amor, Moisés, que deve nascer até o dia 7 de janeiro, ainda mudará as lembranças do Natal da família. "É uma data marcante para mim e até um pouco triste, pois lembro do meu pai, que faleceu. Quando vivo, era ele quem arrumava tudo. Agora vai ser diferente, porque de agora em diante vou lembrar que foi na época de Natal que o Moisés já estava no meu ventre. Ele vem para mudar essa versão do Natal."
Com a felicidade no olhar de quem conta os dias para ver o filho, Nanci Napolitana Gonçalves e Sérgio dos Santos já estão com o quarto de Moisés todo arrumado. Junto a isso, eles carregam outra certeza: vão continuar na fila da adoção. "Temos claro que nosso filho já nasceu, mas ainda não nos encontrou. O Moisés vai chegar ao mundo sabendo que em breve ganhará um irmão ou irmã. Assim, nossa família ficará completa e com muito amor", planejam. (P.M.)