Com o retorno do Vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina) em duas fases após as adaptações realizadas durante as edições em único dia nos anos de pandemia, a língua portuguesa e a construção textual voltam a ter um peso decisivo na segunda etapa do processo seletivo, que será realizado nos dias 2, 3 e 4 de abril.

Se o primeiro dia é dedicado, exclusivamente, para os exames de português, literatura e redação, o segundo dia é reservado para os conhecimentos específicos, conforme as áreas relacionadas aos cursos de graduação com perguntas discursivas, o que mantém a construção textual e a escrita formal como um dos protagonistas da segunda fase.

“A questão discursiva não deixa de ser a construção de um texto. Então, o candidato deve encarar como se fosse a construção de uma redação. Não é só mostrar que ele sabe o conteúdo ou conceito que está sendo pedido, mas construir a resposta de maneira coerente e compreensível”, ressalta o coordenador do ensino fundamental e médio do Colégio Marista de Londrina Nilson Douglas Castilho.

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Ele ainda destaca que a construção textual não significa apenas uma prosa do começo ao fim, mas uma resposta que transmita o conhecimento do aluno com clareza em diferentes áreas, até nos cursos de Exatas. “Um cálculo de física, matemática ou química precisa estar inteligível e bem organizado para que o corretor possa entender o raciocínio, seja a resposta em prosa tradicional ou em forma de cálculo”, explica.

Castilho deu algumas dicas para os candidatos na prova específica, que é eliminatória, ou seja, aluno não pode zerar o teste, que ainda exige uma pontuação mínima que varia de acordo com a graduação escolhida. Ele aconselhou a identificação do “comando do enunciado”, normalmente, em forma de um verbo como identifique, complete, aponte ou relacione. “Sugiro grifar esse verbo, pois ele que vai revelar qual a operação mental que precisa ser desenvolvida no texto”, comentou.

Na avaliação dele, a questão discursiva precisa ter “informatividade”, trazer algo novo, para mostrar ao corretor da prova que o aluno sabe o conteúdo e que, ao mesmo tempo, também soube como construir a resposta. “Então é preciso saber o que escrever e como escrever. Não adianta tentar encher de ideias desconexas, pois o texto precisa estar bem conectado e bem escrito”, analisa.

Castilho também sugere que uma boa forma de começar a resposta é fazer uma paráfrase do enunciado e depois apresentar o conhecimento pedido. “Por exemplo, se a pergunta for: quais as estruturas de um ser vivo? Ao invés de responder em tópicos, o candidato deve fazer um texto. ‘As estruturas do ser vivo são’ e coloca-se as respostas pedidas. Ou seja, a partir do enunciado se começa a construção”, exemplifica.

O coordenador alerta que o aluno deve responder sempre da esquerda para direita, de cima para baixo, não usar estruturas como sim ou não, seguido do conector, “pois”, porque sim e não já são explicativos. “Evite utilizar os mesmos conectores. Não é errado usar o ‘mas’, o ‘e’ ou o ‘porém’. Mas, um texto bem escrito revela um aluno que tem uma complexidade maior. Com o uso do conhecimento, ele consegue desenvolver um pensamento de maneira mais complexa”, acrescenta. Outra dica é não responder em tópicos, sintetizar o texto com foco no mais importante e não perder tempo na construção da paráfrase inicial.

LÍNGUA PORTUGUESA

Castilho salientou que a língua portuguesa é um instrumento que atravessa todas as outras áreas e que, por meio da linguagem, o ensino e o aprendizado são concretizados. “O texto revela muito quem você é, por isso a redação tem muito peso. Em uma questão de múltipla escolha, eu até posso saber o conceito e assinalar a resposta correta”, comparou o coordenador, que ainda lembrou que a ortografia, pontuação, construção textual e outros elementos podem influenciar a nota final, mesmo que não seja uma prova de língua portuguesa.