Município do Norte Pioneiro, Uraí lidera a produção de manga no Paraná, com 12,5% de participação estadual. Levantamento feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento), aponta que a cultura movimentou quase R$ 2,5 milhões em riquezas em 2021 no município, o chamado VBP (Valor Bruto da Produção).

A fruta foi cultivada em 38 hectares de terras em Uraí, sendo que o volume produzido alcançou 950 toneladas em 2021.

Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral, destaca que diversos aspectos favorecem a cultura no município. “A manga se adaptou bem à região Norte do Paraná, que possui solos de rica fertilidade natural, clima quente e chuvas bem distribuídas, condições similares à origem indiana da cultura”, analisa.

A extensionista rural do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), Ernestina Izumi Kuraoka, acrescenta que a possibilidade de geada em Uraí é muito baixa em virtude do relevo.

“Além disso, Uraí tem solos mais rasos que levam a plantas com menor porte. Com isso, o adensamento das plantas é maior e os frutos têm aparência muito melhor, mais avermelhada.”

Segundo o IDR, Iraí conta hoje com cerca de 70 produtores de manga, sendo que 100% deles se dedicam à agricultura familiar. A produção é comercializada para as unidades da Ceasa do Paraná e para alguns supermercados de Uraí e região.



DIVERSIFICAÇÃO

O produtor André Antônio da Silva começou a plantar manga há 18 anos na sua propriedade em Uraí, com o intuito de diversificar a produção e utilizar áreas mais pedregosas que dificultam o cultivo de soja e milho.

Hoje, o agricultor cuida de 250 pés de manga. A expectativa é produzir 20 toneladas da fruta neste ano, volume semelhante ao produzido no ano passado.

Os valores comercializados neste ano também vêm se mantendo. Segundo o agricultor, o quilo da fruta varia entre R$ 15 e R$ 20 dependendo da época do ano, com maior alta durante as festas.

Para obter melhor desempenho no pomar, André faz análise de solos e folhas, além da adubação e da aplicação correta de defensivos. “O uso de fungicida e de inseticida é importante para que não caiam tantos frutos e com isso conseguimos uma carga boa.”

O agricultor relata que a lucratividade tem sido boa com a cultura – em torno de R$ 10 mil por hectare. “É um bom rendimento. Acredito que seja um pouco melhor que o rendimento obtido com a soja”, compara.

Entre os desafios enfrentados no pomar estão o controle de pragas, o excesso de chuva ou a seca, além dos preços da manga no mercado e a contratação de mão de obra. “Fracionamos em cinco colheitas até acabar toda a produção, de forma que a mão de obra fica um pouco escassa”, conclui. A produção abastece o Paraná, principalmente os municípios de Londrina e Curitiba.


CEASA

Apesar de estar em primeiro no ranking estadual na produção de mangas, Uraí foi o 6º fornecedor de mangas às unidades da Ceasa do Paraná em 2022, ofertando 620 toneladas que geraram R$ 1,9 milhão em movimentação financeira.

“Uraí responde apenas por 1,5% dos volumes totais da fruta, já que os entrepostos são abastecidos principalmente por produtos de Pernambuco e da Bahia (70%)”, analisa o engenheiro agrônomo Paulo Andrade.

Entre os desafios dos produtores de manga, eles destaca a concorrência com grandes produtores do Nordeste do Estado. “Além disso, é preciso que a população tenha renda para consumir frutas.”

A técnica do IDR Ernestina Kuraoka acrescenta que o controle de moscas de certas variedades da fruta, como a keitt, é outro desafio a ser enfrentado. “Cito também o incentivo à industrialização das mangas nativas para obtenção de produtos, como suco e doces”, conclui.


ESTADO

A manga foi cultivada em 129 municípios paranaenses em 2021. O VBP da cultura no Estado alcançou R$ 19,5 milhões nesse ano. No ano passado, foram comercializadas 41,2 mil toneladas de manga nas unidades da Ceasa no Paraná, que movimentaram R$ 143,3 milhões.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Paraná participa com 0,5% das colheitas nacionais de manga. Os estados da Bahia (42,1%), Pernambuco (29,5%) e São Paulo (10,9%) participaram com 82,5% das colheitas nacionais.

Na fruticultura brasileira, a manga foi cultivada em 76,1 mil hectares em 2021, sendo a 8ª fruta em VBP – R$ 1,9 bilhão.